Popular nas lanchonetes da Capital, aspartame deve ser consumido com cautela
Adoçante foi classificado como "possivelmente cancerígeno" pela Organização Mundial da Saúde
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Estudos realizados pela OMS (Organização Mundial de Saúde), divulgados na última quinta-feira (13), classificaram o aspartame na categoria de agentes “possivelmente cancerígenos” da OMS. O adoçante é facilmente encontrado em refrigerantes diet e alimentos ultraprocessados, e é o mais popular em cafeterias e lanchonetes de Campo Grande.
De acordo com o estudo, não há evidências científicas suficientes para comprovar a causa da doença pelo consumo do agente, mas o componente químico foi apontado como "provável" causador de um tipo de câncer no fígado.
A nutricionista Giovana Messias explica que, devido às atuais pesquisas apresentarem evidências possivelmente cancerígenas, mas não conclusivas, não há motivo para pânico. Porém, a profissional ressalta que os estudos servem como um alerta para o consumo de ultraprocessados.
A diferença do remédio para o veneno é a dose. Então o conceito é mais 'fique em alerta'. Contém no sorvete, naquelas balinhas que as crianças adoram. Tem que cuidar o consumo e procurar alimentos mais saudáveis", explica Giovana Messias.
Segundo a profissional, o aspartame é comumente indicado no tratamento de obesidade e diabetes, pois o composto químico, que é uma mistura de ácido aspártico e a fenilalanina, consegue ser até 200 vezes mais doce que o açúcar, não causa aumento de peso e não vira açúcar no sangue. "Na hora que quebra a ligação química, é composto por proteína. E tem estudos que comprovam que ele não aumenta o peso".
Para reduzir o consumo do adoçante, a nutricionista orienta que as pessoas busquem acostumar o paladar ao gosto natural dos alimentos, e sugere uma dieta mais diversificada. A profissional ressalta que não precisa restringir a alimentação e dá dicas de como reduzir o consumo. "Buscar intercalar sabores, tentar diversificar o paladar e tentar diminuir a quantidade [de doces]. Não precisa parar de comer".
O Campo Grande News foi até as cafeterias e lanchonetes da Capital ouvir a opinião dos clientes a respeito do consumo de adoçantes, refrigerante diet e outros alimentos ultraprocessados. A funcionária pública Ana Marisa Guasso declara que consome adoçante todos os dias para tomar café. Outras bebidas, como suco e chá, ela opta por não adoçar, e parou de consumir refrigerante há cerca de 15 anos.
Eu acho que o melhor é ter cautela, porque tudo que é de mais faz mal. Eu gostaria de tomar o café sem nada, mas ainda não consigo. Também ja ouvi falar que nenhum adoçante é saudável, então a questão é consumir pouco”, declara Ana Marisa.
Entre açúcar e adoçante, a assistente de contabilidade Flávia Souza, 26 anos, prefere o açúcar, mas confessa que utiliza pouco, pois não costuma adoçar as bebidas. "Consumo [o açúcar] em baixa quantidade. O adoçante é a mesma coisa. Temos que ter equilíbrio para continuar consumindo”.
O técnico de telecomunicações Diego Foscax, 34 anos, declara que "não há para onde correr", pois o açúcar e os adoçantes estão presente na maioria dos alimentos. "Eu acho que tem que controlar e não radicalizar tudo. Não tem que proibir nada. O que não pode é pra consumir refrigerante todo dia, tudo em excesso faz mal”.
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Pesquisa - O adoçante foi alvo de estudos da Iarc (Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer), e do Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares (JECFA) da Organização para Agricultura e Alimentação (FAO), para avaliar o potencial risco carcinogênico e outros riscos à saúde associados ao consumo da substância.
Tanto a avaliação da Iarc quanto da JECFA, observaram limitações nas evidências disponíveis em relação ao câncer e também a outros efeitos na saúde. Por esse motivo, o agente foi classificado como "provável" causador de um tipo de câncer no fígado.
A partir do estudo, também foi concluído que não evidências cientificas o suficiente para alterar o limite de consumo diário do aspartame definido pelo comitê, de 40 miligramas por quilo de peso corporal. Um adulto que pese 70 quilos, por exemplo, precisaria ingerir mais de 14 latas de refrigerante diet ao dia para extrapolar o limite seguro de consumo.
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Aspartame - É um doçante artificial utilizado em vários alimentos e bebidas, incluindo bebidas dietéticas, goma de mascar, cremes vegetais, alimentos para controle de peso, chocolates, pasta de dente e até em pastilhas para dor de garanta.
O uso é autorizado no Brasil pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e até o momento não há nenhuma restrição de uso, além do limite de consumo diário definido pelo JECFA (Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares).