Presidente do Sinsap diz que situação em presídios beira o colapso
Segundo organizações, o número ideal de servidores deveria ser o dobro
Depois do homicídio do agente penitenciário na manhã desta quarta-feira (11), o presidente do Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária), André Luiz Garcia Santiago, disse que o sistema penitenciário no Estado beira o colapso. No momento do crime, eram dois servidores cuidando de 500 presidiários.
“Estamos perto de uma crise”, desabafou André Luiz. Segundo o dirigente, o sistema tem hoje 968 servidores de custódia – aqueles que tem contato direto com os detentos – para cuidar a segunda massa carcerária do País com 13.470 presos. Para piorar, muitos servidores estão afastados seja por férias ou questões médicas.
O número ideal, conforme a OIT (Organização Internacional do Trabalho), órgão ligado a ONU (Organização das Nações Unidas), e o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, seria um agente para cada cinco detento. Em Mato Grosso do Sul, deveriam ter 2.694 agentes, sendo necessário a contratação de mais 1.726 servidores.
A morte do agente penitenciário Carlos Augusto Queiroz de Mendonça, 44 anos, foi a segunda no Estabelecimento Penal de Regime Aberto e Casa do Albergado de Campo Grande. Em 2011, o agente Hudson Moura da Silva, 34 anos, morreu depois de 19 dias internado.
As duas situações foram semelhantes. Mendonça foi surpreendido por um homem encapuzado, por voltas das 6h, que entrou no local armado e disparou vários tiros. Silva também foi morto quando estava liberando detentos no portão lateral quando foi alvejado por dois tiros de arma calibre ponto 40, que é de uso restrito da polícia. Os tiros acertaram o tórax e o ombro esquerdo da vítima.
O fato de hoje foi registrado pelas câmeras de segurança, instaladas depois da morte do agente há quatro anos. A vítima estava na função há mais de 10 anos e foi atingida por pelo menos 5 tiros, um deles na região do tórax, cabeça e antebraço esquerdo.
A perícia chegou por volta das 7h30 ao local para apurar os fatos.