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Capital

Preso por enterrar corpos em cemitério clandestino já havia matado por ciúmes

“Corumbazinho”, como é conhecido, foi apontado como mandante do assassinato de João Vitor Paixão Lopes

Geisy Garnes | 01/10/2021 06:26
"Corumbazinho" estava preso até fevereiro pela morte de João Vitor. (Foto: Redes Sociais)
"Corumbazinho" estava preso até fevereiro pela morte de João Vitor. (Foto: Redes Sociais)

Preso temporariamente por envolvimento na morte dos homens enterrados em um brejo, no Bairro Santo Eugênio, Josyel Aparecido Lemos da Silva, de 24 anos, já foi investigado por outro homicídio em Campo Grande. “Corumbazinho”, como é conhecido, foi apontado como mandante do assassinato de João Vitor Paixão Lopes, de 17 anos, encontrado às margens do Córrego Bálsamo em junho do ano passado.

Josyel passou a ser alvo da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), após denúncia do desaparecimento de Jhon Wellington Maciel dos Santos, conhecido como “Jhony Bala” de 27 anos, encontrado na mesma região em que João Vitor foi achado em julho deste ano. Antes disso, ele já era apontado pela polícia como integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) e alguém capaz de matar por motivos banais.

Em 8 de junho de 2020, atraiu o adolescente e ordenou que o pai, Lauro Antônio da Silva, o matasse a tiros. A história de João Vitor, segundo as investigações, pode ser a mesma da primeira vítima resgatada também neste ano, na área de brejo no Santo Eugênio, já chamada pela polícia de "cemitério clandestino de criminosos".

João Vitor foi morto em junho do ano passado e deixado às margens de corrego. (Foto: Arquivo Pessoal)
João Vitor foi morto em junho do ano passado e deixado às margens de corrego. (Foto: Arquivo Pessoal)

Na época em que de fato os crimes aconteceram, “Corumbazinho” convivia com Vanessa Leandro Pereira de Lima, de 23 anos. O relacionamento, no entanto, era marcado pelo ciúme doentio, pela desconfiança e pelo jeito controlador do rapaz.

Por acreditar que a companheira tinha amantes, Josyel contratou João Vitor para “vigiar” Vanessa. Combinou que em troca de informações sobre o dia a dia da mulher, pagaria porções de cocaína ao adolescente. Assim aconteceu por um tempo, mas um “mal-entendido” teria transformado o amigo em alvo.

Desconfiado que o próprio João estava envolvido com Vanessa, “Corumbazinho” organizou uma emboscada. Ao lado do pai, Lauro Antônio, do comparsa Brenno Gonçalves Rodrigues e de outros dois adolescentes, chamou a vítima para procurar o suposto amante da mulher pelo bairro.

Eles saíram no carro de Lauro, foram até a casa de Brenno buscar a arma de Josyel e assim que que chegaram ao endereço, mataram o adolescente. Segundo o Ministério Público, o autor dos disparos foi o pai de “Corumbazinho”, a mando do filho.

Depois da execução, o corpo foi arrastado e deixado às margens do Córrego Bálsamo, de onde foi resgatado três dias depois que mensagens enviadas à família de João Vitor no Facebook denunciaram o local em que ele foi abandonado. Toda a história foi descoberta pelas investigações da 5ª Delegacia de Polícia Civil, mas na Justiça, o caso não foi para frente.

Denúncia rejeitada – Josyel, o pai e o comparsa chegaram a ser presos, mas ganharam a liberdade em fevereiro deste ano, após o caso ser analisado pela 1ª Vara do Tribunal do Júri. Na fase judicial, após as audiências de instrução e julgamento, o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida rejeitou a denúncia do trio, por considerar que não havia provas suficiente de que eles mataram o adolescente.

Com a decisão, eles sequer foram julgados pelo assassinato de João Vitor e saíram “absolvidos” da prisão. O único que permaneceu preso foi Brenno, que apesar de não ser apontado autor da morte, foi condenado por porte ilegal de arma, já que um revólver calibre 32 foi encontrado com ele nas investigações.

Após a descoberta do “cemitério” na mesma área que João Vitor foi abandonado, a polícia descobriu que ciúmes de Vanessa também podem ter motivado o assassinato da primeira vítima encontrada enterrada no local. Testemunhas foram ouvidas para comprovar a linha de investigação e a própria mulher acabou presa temporariamente por suspeita de envolvimento.

Hoje, Vanessa não está mais com Josyel, mas como convivia com ele e sabia dos crimes cometidos na região, foi apontada como coautora do homicídio. Além dela, a atual companheira de “Corumbazinho” também acabou presa nesta semana. A jovem de 19 anos, no entanto, foi parar na cadeia por ajudar o marido a vender drogas no bairro.

Mãe de um filho do suspeito, que tem um pouco mais de um mês, preferiu ficar em silêncio no depoimento prestado na delegacia. Josyel também não quis falar. Afirmou apenas que dará sua versão dos fatos em juízo.

Para a polícia, “Corumbazinho” pode estar envolvido em outros homicídios na região, por isso, as investigações continuam ao longo dos 30 dias em que a prisão temporária durar.

Cemitério – A investigação sobre a existência de cemitério clandestino em área de brejo começou em julho deste ano. Análise preliminar feita no IMOL (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) apontou que a primeira ossada no local é de uma vítima é do sexo masculino. A investigação aponta ainda que a vítima pode ter sido morta a golpes de pauladas ou pedradas.

Segundo Delano, em entrevista à época, um “detector de cadáver”, equipamento criado por perito de Mato Grosso do Sul, apontou o local exato onde os restos mortais estavam e também indicou a presença de outros em dois pontos, um deles, onde foi localizado o cadáver de Jhon Wellington, em avançado estado de decomposição, uma semana depois da primeira descoberta. Ele aparentemente foi morto com tiros na cabeça.

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