Procura por testes continua alta, mas Capital registra queda nos exames feitos
Enfermeira responsável pelo centro de testagem da UCDB relata que comportamento de pacientes mudou
Na manhã desta quinta-feira (3), o Campo Grande News recebeu reclamação de que o Centro de Testagem da Covid-19, em frente à Praça do Rádio, estava cheio. A reportagem verificou que a fila está mais organizada do que antes - há duas semanas, chegou a se estender por centenas de metros fora do complexo, mas hoje, estava quase toda dentro da unidade.
O frentista André Araújo, de 31 anos, relatou à reportagem que a esposa testou positivo para o coronavírus ontem, e que hoje, acordou com alguns sintomas, que o levaram para o local de exames por volta das 6h20.
Ele avisou os demais colegas que faria o diagnóstico e chegou cerca de 40 minutos antes da abertura do centro de testagem em prédio da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), na Rua Barão do Rio Branco, que começa a funcionar a partir das 7h, quando havia cerca de 50 pessoas na frente.
Por conta das reclamações de que o local estava cheio, a equipe do Campo Grande News o acompanhou para verificar se havia, de fato, lotação. Por volta das 8h, ele saiu com o resultado em mãos - positivo.
Demanda - A oferta de testes de covid cresceu em todo o Estado, sobretudo em Campo Grande, por conta do aumento de casos suspeitos de covid. Atualmente, tem sido feitos mais exames que a média diária verificada nos dois primeiros anos da pandemia, mas a procura teve uma queda de aproximadamente 39,7%, na comparação com quase duas semanas atrás.
Levantamento feito pela reportagem identificou que a média diária de todos os tipos de testes para a covid, em todas as unidades, é de aproximadamente 1,9 mil, atualmente. Em 21 de janeiro, o mesmo índice foi de aproximadamente 3,2 mil exames a cada 24 horas.
Em 12 de janeiro, o Campo Grande News reportou que paciente dormiu na fila para testagem, de um dia para o outro, em busca do exame. Naquele momento, a fila chegou a dobrar duas esquinas e ir até a Rua Dom Aquino.
Em 21 de janeiro, a situação se repetiu e moradores viraram a noite em frente ao local de diagnósticos. Seis dias antes, uma mulher desmaiou na fila após quatro horas de espera.
Mudança no comportamento - A enfermeira responsável pela unidade, Leila Ribeiro, explica que a lotação não tem se repetido com a mesma intensidade por conta do comportamento dos pacientes com suspeita de coronavírus.
O centro de testagem foi ativado em 10 de agosto de 2021 e, atualmente, a média de testes é de 600 por dia. Vale lembrar que unidades de saúde e os drive-thrus da Fiems e Cassems também realizam o exame.
Contudo, há algumas semanas, durante a confirmação da variante Ômicron do coronavírus, o mesmo índice, segundo ela, chegou a ser superior a 700 diagnósticos por dia.
Ribeiro explica que o tempo de cadastro e testagem em si levam cerca de cinco minutos. No entanto, como há muitos pacientes, há demora para atendimento.
“Viram que não adiantava chegar muito cedo, com muita gente aglomerada, porque o atendimento acaba se estendendo. As pessoas foram compreendendo essa estrutura do centro de testagem e têm se dirigido ao local ao longo do dia.”
Outro fator que deve ser ressaltado é que a população, segundo ela, passou a ter maior noção dos prazos para que o teste seja feito. “É importante que a pessoa venha entre o primeiro e o sétimo dia de sintomas. A pessoa que teve contato com quem positivou, deve aguardar pelo menos uns dois a três dias, isso é, ao ter sintomas.”
A enfermeira responsável pelo setor comenta que muitos pacientes iam para o centro de testagem mesmo sem sintomas ou contato com casos confirmados. “Muitas iam, não estavam com sintomas, não tinha tido contato com pessoas positivadas, mas mesmo assim, se dirigiam ao centro de testagem, só por fazer.”
Chegou ao caso de pessoas terem ido duas vezes na mesma semana, sendo que o primeiro resultado já tinha dado positivo. Hoje, essa consciência já está maior e as pessoas têm se dirigido para lá quando precisam mais.”
O local funciona das 7h às 17h30, diariamente, e após entrar no complexo, os pacientes ficam sob uma tenda e um agente anunciou, pelo microfone, 10 indivíduos que ficarão dentro da recepção. Lá, fazem o cadastro e aguardam pelo exame. As cadeiras foram posicionadas com distanciamento social e, ao menos dentro do local, a reportagem verificou que todos estavam sentados.