Protesto foi contra "tudo de ruim" e até a favor da renúncia da reitora da UFMS
Centenas de pessoas protestaram, na manhã deste sábado (7), no Centro de Campo Grande. Neste ano, a 19ª edição do Grito dos Excluídos levou uma pauta extensa à Rua 14 de Julho, que incluía de investimentos em educação, saúde, punição dos casos de corrupção até a renúncia da reitora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Célia Maria Oliveira.
Cerca de 700 manifestantes participam do ato, organizado por estudantes, pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), movimentos sociais e MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).
Durante a manifestação, guardas municipais fizeram um cordão humano e tentaram impedir o avanço do grupo na esquina da 14 de Julho com a Avenida Afonso Pena. O tumulto durou poucos minutos e o grupo, aos gritos, conseguiu vencer a barreira e seguir com a manifestação.
Os cartazes, faixas e gritos de guerra expuseram a reivindicação do protesto, como a renúncia da reitora Célia Maria, que responde a mais de 70 inquéritos no MPF (Ministério Público Federal) e estaria envolvida em irregularidades denunciadas na Operação Sangue Frio, da Polícia Federal.
“Queremos a saída da reitora”, defendeu o psicólogo Walkef Vargas, 25 anos. Ele também foi protestar contra a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 4330, que regulariza a terceirização.
“A PEC da terceirização vai jogar os direitos do trabalhador no lixo”, resumiu um dos organizadores da manifestação e presidente do Sintss (Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social), Alexandre Costa.
Eles também pediam a punição dos envolvidos na Máfia do Câncer, como ficou conhecido o grupo acusado de fraudar, promover irregularidades e superfaturar nos recursos destinados para o tratamento da doença na Capital. As denúncias derrubaram o ex-presidente do Hospital do Câncer, Adalberto Siufi, e o administrador do Hospital Universitário, José Carlos Dorsa.
Esse foi um dos motivos que levaram a bancária e integrante do movimento Franciscano da Igreja Católica, Lindalva Martins, 51 anos, a participar da manifestação hoje. “Nós queremos um país com justiça, sem corrupção, onde tenha mais educação”, afirmou. “Espero que o grito da população possa ser entendido como um direito do eleitor”, disse Lindalva.
Os manifestantes levaram cartazes com frases para expor as reivindicações, como: “Saúde, transporte e justiça – direito de todos”, “Quer plantar e colher, dê também ao índio este direito”, “Chega de imposto sem retorno”, “O sistema tem que mudar, o jovem não pode parar”, entre outros.
O Grito dos Excluídos também pediu a liberdade do ator e ativista social Eduardo Miranda Martins, o Dudu, preso desde o protesto contra corrupção realizado no dia 21 de junho deste ano. Ele é acusado de tráfico de drogas e a Justiça negou dois pedidos de liberdade feitos pela defesa.
Para Alexandre Costa, apesar da população estar indo às ruas, os governantes continua ignorando os protestos. “Eles continuam brincando com o povo”, alertou. Ele defendeu ainda a participação das pessoas nas manifestações. “A população deve continuar indo para as ruas”, defendeu Costa.
Durante a manifestação, grupos ligados à Igreja Católica colocaram todas as reivindicações numa roda, que denominaram “ciranda dos desejos” e cantaram a música “ciranda da paz”.