Queima de arquivo é principal hipótese para execução de PM
A Polícia trabalha com a hipótese de queima de arquivo para o assassinato do subtenente da Polícia Militar José Carlos da Silveira Souza, 39 anos, executado ontem em um posto de combustível em Campo Grande. A suspeita é levantada por conta do envolvimento do PM com máfia do contrabando de cigarros.
O crime aconteceu por volta das 7h45, no posto de combustível que fica no macroanel viário, em Campo Grande. Duas câmeras do estabelecimento gravaram imagens do assassinato.
As imagens mostram o momento em que o policial chega em um Celta prata. Ele desce do veículo e vai em direção à bomba de combustível. As câmeras captaram também um carro passando na rua próxima ao posto. A Polícia acredita que esse seja o veículo usado pelos bandidos.
A sequência das imagens mostra o atirador já no posto procurando o PM. Em seguida, ele encontra o alvo e vai em direção do veículo. Como a vítima está atrás da bomba de combustível, não é possível ver o momento da execução, apenas a movimentação de pessoas que presenciaram o crime.
Uma das câmeras filmou o atirar deixando o local. Na fuga, ele ainda aponta a arma para um caminhoneiro que está na entrada do posto.
A Polícia vai divulgar as imagens na tentativa de identificar os assassinos. Toda a gravação já está com a perícia.
O delegado Devair Aparecido Francisco, responsável por investigar o caso, acredita que os assassinos não sejam do Estado, já que não se preocuparam em ser identificados pelas câmeras e pelas pessoas que estavam no estabelecimento.
Conforme o delegado, eles podem ser do Paraguai , por conta da região em que o policial atuava antes de ser transferido para o Ciops, em Campo Grande, e também pelo fato do envolvimento com a quadrilha de contrabando de cigarros.
Quatro funcionários do posto já prestaram depoimento. A Polícia procura outras pessoas que testemunharam o crime para que elas possam ajudar com as investigações.
No carro do policial foram apreendidos seis aparelhos celulares. O delegado informou que pediu a quebra do sigilo telefônico da vítima.
O corpo de Silveira tinha 19 perfurações de pistola 9 milímetros, que podem tanto ser de entrada quanto de saída dos disparos. No local, foram encontrados nove cápsulas deflagradas, mas só o laudo pericial vai indicar quantos tiros atingiram o corpo.
Prisão - Em nota divulgada ontem, a Polícia Militar informou que o policial estava na Corporação há 18 anos e passava por processo administrativo que poderia resultar na expulsão dele. Em outubro do ano passado, ele foi preso por envolvimento na máfia do contrabando de cigarros, durante a Operação Fumus Malus.
Durante a operação, foi decretada a prisão de 16 policiais, entre eles Silveira. Três eram de Naviraí, onde ele estava lotado, dois de Itaquiraí, um em Sete Quedas, um em Mundo Novo, um em Iguatemi e quatro Campo Grande.