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Capital

"Quem matou foi o China": diz réu para se livrar de assassinato da tia

Ao juiz, Carlos Fernando Soares tenta atribuir crime a agiota para qual devia alta quantia em dinheiro

Por Dayene Paz e Antonio Bispo | 18/03/2024 13:31
Carlos Fernando no Tribunal do Júri, onde é julgado nesta segunda-feira. (Foto: Marcos Maluf)
Carlos Fernando no Tribunal do Júri, onde é julgado nesta segunda-feira. (Foto: Marcos Maluf)

Sentado no banco dos réus pelo assassinato de Márcia Catarina Lugo Ortiz, de 57 anos, em outubro de 2021, Carlos Fernando Soares, 35 anos, continua atribuindo a autoria do crime ao agiota Carlos Henrique Machuca Santareno, o “China”, para quem ele devia alta quantia em dinheiro. Contudo, as provas obtidas no decorrer da investigação não deixam dúvidas, para a polícia, que Soares matou a mulher com um tiro na cabeça, em Campo Grande.

Márcia Lugo foi encontrada morta no dia 8 de outubro de 2021, pouco mais de 12 horas após desaparecer. O corpo estava debaixo de uma ponte sobre o Córrego Imbirussu, na BR-262, na Capital. O réu foi preso no dia 15 de outubro daquele ano, depois de vários indícios apontarem que ele seria o autor do homicídio.

Contudo, desde a prisão, Carlos Fernando continua colocando o agiota, a quem ele devia alta quantia em dinheiro, na cena do crime, o que foi descartado pela polícia no decorrer da investigação. Em depoimento coberto por nervosismo e contradições, Carlos afirmou ao juiz Aluizio Pereira dos Santos, durante o júri desta segunda-feira (18), que China deu um tiro em Márcia "sem querer" durante uma "luta corporal".

Versão - Carlos Fernando contou que junto com Márcia estava tentando colher pistas sobre uma suposta traição do marido dela, o policial civil aposentado Guilherme Yarzon Ortiz. No dia do crime, Carlos diz que foram interceptados por China quando estavam em uma SW4 em uma rua do Bairro Tarumbá, local onde, segundo o réu, "tentavam pistas sobre a traição".

O juiz questionou sobre o veículo Toyota SW4 - de alto valor e locado por Soares - situação que causou estranheza, já que o réu possuía muitas dividas. Carlos respondeu que só havia aquele veículo disponível para locação e que a SW4 seria utilizada para seguir o marido de Márcia, que, inclusive, foi quem pagou o aluguel do carro.

Fernando afirma que viu Márcia apreensiva diante da suposta traição e decidiu ajudar a mulher, que o considerava como sobrinho. Enquanto sondavam a região do Jardim Tijuca, por volta das 22 horas, no dia do crime, Carlos disse que China ligou fazendo cobranças e ameaças. "Tirou foto do condomínio que eu morava e me mandou", diz.

Soares alega que ficou "desesperado" e, em uma versão totalmente desconexa, mandou a localização de onde estava para o agiota a quem devia alta quantia. China, na versão de Carlos, abordou os dois, houve luta corporal e Márcia reagiu. Foi quando China disparou, acertando a cabeça de Márcia. "O China desceu armado, queria dinheiro, gritava que queria dinheiro. Foi assustador", disse ao juiz.

O "sobrinho" ficou em choque após o disparo. Alega que apenas seguiu as instruções de China depois do crime. Foram até a ponte sobre o Córrego Imbirussu, na BR-262, onde o corpo foi jogado. Então, levou o carro para o lava a jato que tinha e depois a um funileiro. "O funileiro ficou responsável por intermediar com o tapeceiro", diz ele, afirmando que pagou R$ 400 pelo serviço.

Confidente da dona de casa, ao longo de dois anos, disse que pegou R$ 90 mil em empréstimos com a vítima e depois do assassinato da mulher, gastou R$ 114 mil nos cartões que ficavam na carteira de Márcia. Ele disse que encontrou as senhas anotadas dentro do carro depois da morte de Márcia.

Dívida - Era Márcia quem ajudava Soares a pagar China. Mas Carlos revela que não dava conta de arcar com os valores, porque os juros eram altíssimos. "O China descobriu que era ela que me emprestava dinheiro. Me ameaçava [China] falando que procuraria a Márcia ou o marido dela para falar que ela estava emprestando dinheiro para mim", discorre.

Carlos Fernando finaliza dizendo que jamais teve a intenção de fazer mal à "tia". "Quem matou foi o China", finalizou.

Sobre como foi a morte da vítima, o delegado João Reis, responsável pela investigação, diz que nunca haverá certeza da dinâmica dos fatos, por não haver testemunhas e Carlos negar o crime. “O fato é que ele foi a última pessoa a ser vista com a vítima em vida e contou uma história da carochinha”. O que se sabe é com base no trabalho pericial, e acordo com João Reis: Carlos atirou em Márcia quando ele estava no banco do motorista e ela, no passageiro. “Foi a curta distância, à queima-roupa”.

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