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Capital

"Queria dar um susto", diz mulher que mandou matar ex de preso por ciúmes

Mulher foi ferida por 6 tiros e sobreviveu; caso ocorreu em outubro de 2016

Dayene Paz e Bruna Marques | 26/07/2022 11:41
Ré durante interrogatório por videoconferência. (Foto: Bruna Marques)
Ré durante interrogatório por videoconferência. (Foto: Bruna Marques)

"Não era para ter sido desse jeito, eu queria dar um susto". A fala é de Larissa Bento de Oliveira, de 33 anos, julgada nesta terça-feira (26), por tentativa de homicídio qualificado e corrupção de menores. Ela é acusada de mandar matar Janaína de Souza Malaquias, na Vila Santa Luzia, em Campo Grande, no dia 25 de outubro de 2016, por ciúmes do companheiro, preso na época em Goiás. A vítima foi atingida por seis tiros e sobreviveu.

Além de Larissa Bento, Wenderson Pereira Marques, de 28 anos, e Gustavo dos Santos, de 26, foram denunciados pelo Ministério Público. Consta nos autos que o crime foi cometido por motivo torpe, com recurso que dificultou a defesa da vítima.

Conforme a denúncia, Janaína manteve um relacionamento com Alex Gonçalves dos Santos, por aproximadamente sete anos, possuindo três filhos em comum. O casal terminou após Alex ser preso na cidade onde residia, Jataí (GO). Após esse fato, Alex passou a se relacionar com Larissa Bento.

Motivação - Mesmo dentro do presídio, Alex mantinha contato com Janaína pelo WhatsApp e Messenger do Facebook, utilizando o perfil "Tiago Silvaa" (Tiago Silva Pena, companheiro de cela de Alex). O contato entre os dois foi descoberto após Larissa encontrar a esposa de Thiago em um bar. Nessa data, a mulher forneceu o login e senha do conta do Facebook de Tiago para que Larissa pudesse ter acesso às conversas.

Foi então que Larissa planejou matar Janaína, que já estava morando em Campo Grande. Desta forma, no dia 24 de outubro de 2016, Larissa, Wenderson e um adolescente viajaram até Campo Grande para executar o crime. Consta ainda que Larissa, se passando por Alex, acessou o messenger e passou a manter diálogo com a vítima, no intuito de conseguir o endereço dela. E conseguiu.

O trio seguiu até a casa de Janaína, mas ela não estava. Depois de aguardar por um tempo, os três retornaram ao endereço, mas antes abordaram Gustavo dos Santos, a quem Larissa ofereceu a quantia de R$ 20 para que ele chamasse Janaína no portão da casa.

Na sequência, Gustavo foi até a casa da vítima, sendo que ela saiu para atendê-lo. Após breve conversa, Gustavo fez sinal com a cabeça para Wenderson, que saiu do local em que estava escondido e perguntou à vítima se ela era Janaína. Diante da resposta positiva, sacou da arma e efetuou vários disparos contra ela.

Em seguida, Wenderson e o adolescente correram até o carro, no qual Larissa estava aguardando, e retornaram para Jataí. A vítima foi socorrida e encaminhada ao Hospital Santa Casa, local em que recebeu tratamento médico e sobreviveu.

O que Larissa diz? Nesta terça-feira (26), Larissa foi ouvida por videoconferência durante seu julgamento, pois mora em Goiás, onde responde pelo processo em liberdade. Ela começou o depoimento chorando e disse que nada saiu como previsto, que apenas queria "dar um susto" em Janaína.

Segundo ela, estava sendo ameaçada pela vítima. "Descobriu meu número e começou a me ameaçar, falar que sabia onde eu morava, que eu tinha um caso com o Alex, só que eu não estava com ele nessa época. Logo depois aparece na porta da minha cozinha uma faca cravejada. Deu entender que era ela", conta.

Larissa diz estava grávida e que para sustentar o filho pequeno, voltou para a prostituição. "Foi quando reencontrei o Alex em um prostíbulo em Jataí mesmo. Ele me disse que tinha acabado de separar de Janaína porque ela tinha espancado um dos filhos dele e ele não aceitava", discorre. "Começamos a nos encontrar. Aí ela viu que ele não voltaria, chamou a polícia e entregou ele à Justiça porque estava foragido na época".

Alex foi preso e Larissa passou a fazer visitas íntimas. "A pedido dele fiz união estável para acompanhar a mãe dele nas visitas. Certo dia umas conhecidas na época me pediram para levá-las até um bar e eu levei. Chegando lá uma mulher veio me cumprimentar como se me conhecesse, mas não lembrava dela", afirma.

A mulher era a esposa de Tiago, o homem que dividia a cela com Alex. "Ela veio me falar que não achava certo porque via o que eu passava para manter ele lá dentro. E falava que tinha algo para me mostrar, era o Alex usando o Facebook do marido dela preso marcando de sair do presídio e ir para casa dela [Janaína]".

A partir daí, Larissa alega que passou a ser insultada por Alex. "Começou me insultar no telefone, falando que eu não era nada, que eu era uma puta e nunca ficaria com uma puta. Sempre fui apaixonada por ele, então eu fui para Campo Grande dar um susto na Janaína, da mesma forma que ela fez na porta da minha casa. Dar uns tiros para cima", diz.

O crime - Larissa tinha um ponto que vendia espetinho, então chamou Wenderson e segundo ela, o menor foi no "automático". "Chamei o Wenderson porque eu não conseguiria. A arma era do finado, um rapaz que morreu na cidade na época. Chegando em CG fomos até a casa da Janaína. Eu sabia endereço porque vinha mantendo o contato com ela pelo Facebook", afirma.

Larissa passou por uma cirurgia recente e começou a passar mal nesse momento durante o júri, sendo o interrogatório finalizado.

O depoimento da vítima foi repassado no telão do Tribunal do Júri, onde ela confirmou os fatos da denúncia. Janaína conta que se lembra de Gustavo chamando no portão. "Achei que o Alex tinha fugido. Ele chamou no portão e disse 'o Alex ta ali no Fort, pega a moto vai buscar ele'. Em seguida, olhou para o lado e fez sinal com a cabeça, foi quando levei os tiros".

Janaína foi atingida por seis tiros, três nas costas (altura da coluna), teve o intestino perfurado, foi ferida no tórax e joelho. "Fui me arrastando para dentro, meus dois filhos pequenos estavam na sala assistindo e fiquei preocupada na hora, achei que algum tiro tinha acertado eles, lembra.

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