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Capital

Responsável por compra sem licitação que estava foragido se apresenta à PF

Jodascil da Silva Lopes era alvo de mandado de prisão na quinta-feira, mas só apareceu nesta segunda-feira

Anahi Zurutuza | 15/05/2017 14:20
Sede da PF em Campo Grande, onde Jodascil está sendo ouvido (Foto: Yarima Mecchi)
Sede da PF em Campo Grande, onde Jodascil está sendo ouvido (Foto: Yarima Mecchi)

Jodascil da Silva Lopes, alvo da Operação Lama Asfáltica que era considerado foragido, se apresentou à Polícia Federal em Campo Grande no início da tarde desta segunda-feira (15). De acordo com a assessoria de imprensa da PF, ele chegou acompanhado de advogado e está sendo ouvido.

Lopes foi funcionário da SED (Secretaria de Estado de Educação) em 2014, último ano do governo de André Puccinelli (PMDB), e é responsável pelo parecer para a compra sem licitação de 100 mil livros da Gráfica e Editora Alvorada, aquisição que segundo a investigação faria parte de esquema para “lavar” dinheiro desviado dos cofres públicos.

Além de Jodascil, André Cance, ex-secretário-adjunto de Estado de Fazenda, e o dono da gráfica, Mirche Jafar Júnior, foram alvos de mandados de prisão. Estes dois últimos foram presos na quinta-feira (11), quando foi deflagrada a 4ª fase da Lama Asfáltica, batizada de Máquinas de Lama.

Rodolfo Pinheiro Holsback também foi preso naquele dia, mas porque foi flagrado com munições sem registro. As empresas dele – H2L Equipamentos e Sistemas e HBR Medical – e um apartamento que pertence ao empresário passaram por varredura autorizada pela Justiça por mandado de busca e apreensão.

Holsback foi liberado após pagar fiança de R$ 4,6 mil. Cance e Jafar Júnior continuam presos, agora no Centro de Triagem “Anízio Lima”, no Jardim Noroeste – leste da Capital.

Livros – A compra, feita no apagar das luzes do governo de Puccinelli, foi desnecessária e por isso, suspeita. A maior parte – cerca de 80 mil exemplares – das cinco obras paradidáticas foi encontrada na secretaria durante busca e apreensão no ano passado, o que segundo a força-tarefa seria mais uma evidência de que a compra teria ocorrido para mascarar lavagem de dinheiro.

Segundo relatório da CGU (Controladoria-Geral da União), somente em dezembro de 2014, a Editora Alvorada recebeu R$ 11.224.625,00, sendo R$ 5,5 milhões no dia 30, penúltimo da gestão passada.

Na quinta-feira passada, policiais federais também vasculharam ma fazenda que pertence a Jodascil em busca de documentos que provem a participação dele no esquema.

Consta no Portal da Transparência do Governo do Estado, que Jodascil exerceu a função de coordenador na SED de agosto a novembro de 2014, com salário de R$ 4.175,63.

Ele ainda é alvo de inquérito do MPE (Ministério Público Estadual) desde 2015. A promotoria apura suposto tráfico de influência, corrupção ativa e desvio de dinheiro público, irregularidade que teriam acontecido em uma licitação de kit escolar para alunos da rede estadual realizada 2010, de acordo com os autos da investigação.

Movimentação na sede da PF na quinta-feira, quando foi deflagrada a operação (Foto: Marcos Ermínio)
Movimentação na sede da PF na quinta-feira, quando foi deflagrada a operação (Foto: Marcos Ermínio)

Operação – Antes das 6h do dia 11 de maio, a Polícia Federal saiu às ruas de Campo Grande e mais cinco cidades para prender três pessoas, levar outras nove para depor e vasculhar 32 endereços em busca de provas contra organização criminosa investigada por desvio de dinheiro público.

No Estado, naquele dia, equipes comandadas pela força-tarefa cumpriram dois dos três mandados de prisão e um dos alvos, Jodascil da Silva Lopes, era considerado foragido. 

Dentre os alvos de mandados de condução coercitiva – quando a pessoa é obrigada a ir até a sede da PF para depor – estavam o ex-governador e o filho dele, André Puccinelli Junior.

A Lama Asfáltica, deflagrada em 2015 com base em investigações que começaram em 2013 e sobre o período de 2011 a 2014, apurou que a organização criminosa causou prejuízo de aproximadamente R$ 150 milhões aos cofres públicos, por meio de fraudes de licitações, desvio e lavagem de dinheiro.

Os investigadores – da PF, CGU (Controladoria-Geral da União) e da Receita Federal – estão em busca, justamente, do rastro do montante milionário que teriam sido desviados.

A quarta etapa da operação foi batizada de Máquinas de Lama porque investigadores apuraram que parte dos pagamentos de propina era feitos por meio do aluguel de maquinário. Outras fases foram nomeadas Fazendas de Lama e Aviões da Lama.

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