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Capital

‘Está chateado, quem não ficaria?’, diz advogado sobre André Puccinelli

Renê Siufi pediu que Justiça libere ex-governador de pagar fiança de R$ 1 milhão, mas nem mencionou retirada da tornozeleira no recurso

Anahi Zurutuza e Aline dos Santos | 12/05/2017 12:03
Ex-governador chegando ao Patronato Penitenciário na manhã desta quinta-feira para colocar a tornozeleira eletrônica (Foto: André Bittar)
Ex-governador chegando ao Patronato Penitenciário na manhã desta quinta-feira para colocar a tornozeleira eletrônica (Foto: André Bittar)

André Puccinelli (PMDB) passou o resto da quinta-feira (12) em casa – no edifício Champs Élysées, na Rua Euclides da Cunha – e está “chateado”, segundo o advogado dele, Renê Siufi, principalmente por conta da exposição e de ter sido levado à Polícia Federal para “responder as mesmas perguntas” já feitas anteriormente pelos investigadores da Operação Lama Asfáltica. “Está chateado, lógico. Quem não ficaria?”

O defensor afirmou ainda que já fez o pedido de reconsideração da decisão da juíza Monique Marchioli Leite, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, que arbitrou contra o ex-governador fiança de R$ 1 milhão.

Siufi alega que Puccinelli tem R$ 2,3 milhões em bens bloqueados por decisões que saíram da mesma vara e que por isso não tem como desembolsar o montante até segunda-feira, quando vence o prazo de dois dias úteis para o pagamento da fiança. “Como vai pagar a fiança se a Justiça bloqueou?”, questiona.

O advogado disse ao Campo Grande News no fim da tarde desta quinta-feira (11), dia em que foi deflagrada a quarta fase da Lama Asfáltica – batizada de Máquinas da Lama –, que determinar que Puccinelli fosse monitorado por meio de tornozeleira eletrônica era uma medida exagerada. “Se ele não está preso, não tem porque usar uma tornozeleira”.

Siufi, contudo, decidiu não entrar no mérito. As demais medidas cautelares, portanto, não foram combatidas.

Além de usar a tornozeleira, Puccinelli está proibido de deixar Campo Grande por mais de dez dias sem prévia autorização judicial e não pode sair de casa depois das 21h.

O ex-governador também está impedido de fazer contato com os outros investigados, dentre eles os presos pela operação, André Cance e Mirched Jafar Junior. Ele tem de comparecer mensalmente em juízo.

Acusações – O ex-governador foi implicado porque, segundo os investigadores, como gestor, era o “garantidor de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)” que financiaram várias obras investigadas, principalmente de rodovia estaduais e que teriam sido desviados em parte.

Para integrantes da força-tarefa, Puccinelli não só sabia dos pagamentos de propina, como também teria se beneficiado de valores que chegavam até ele por interposição de pessoas, ou seja, depois que passava por várias pessoas e empresas, através da compra e venda de bens ou produtos.

Movimentação de carros da PF na sede do órgão em Campo Grande (Foto: André Bittar)
Movimentação de carros da PF na sede do órgão em Campo Grande (Foto: André Bittar)
Malotes contendo documentos apreendidos (Foto: Marina Peralta)
Malotes contendo documentos apreendidos (Foto: Marina Peralta)

Operação – Antes das 6h desta quinta-feira, a Polícia Federal saiu às ruas de Campo Grande e mais cinco cidades para prender três pessoas, levar outras nove para depor e vasculhar 32 endereços em busca de provas contra organização criminosa investigada por desvio de dinheiro público.

No Estado, equipes comandadas pela força-tarefa cumpriram dois dos três mandados de prisão e um dos alvos, Jodascil da Silva Lopes, é considerado foragido, conforme a assessoria de imprensa da Polícia Federal.

O ex-governador e o filho dele, o advogado André Puccinelli Júnior, foram alvos de mandados de condução coercitiva e levados à sede da Polícia Federal para prestarem esclarecimentos.

Os investigadores da força-tarefa – formada pela PF, CGU (Controladoria-Geral da União) e Receita Federal – estão em busca, justamente, do rastro do montante milionário que teriam sido desviados de obras e outros contratos para o bolso dos integrantes da organização criminosa.

A Lama Asfáltica, deflagrada em 2015 com base em investigações que começaram em 2013 e sobre o período de 2011 a 2014, apurou que a organização criminosa causou prejuízo de aproximadamente R$ 150 milhões aos cofres públicos, por meio de fraudes de licitações, desvio e lavagem de dinheiro.

Ontem, foi realizada a quarta etapa da operação, batizada de Máquinas de Lama, porque investigadores apuraram que parte dos pagamentos de propina era pagos por meio do aluguel de maquinário. Outras foram nomeadas Fazendas de Lama e Aviões da Lama.

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