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Capital

Réus de execução são condenados a 35 anos de prisão

Bruno e Maykon vão cumprir pena por homicídio qualificado, cárcere privado e ocultação de cadáver

Por Gustavo Bonotto, Ana Paula Chuva e Clara Farias | 29/10/2024 20:02
Bruno e Maykon, sentados no banco dos réus. (Foto: Marcos Maluf)
Bruno e Maykon, sentados no banco dos réus. (Foto: Marcos Maluf)

Bruno Henrique Soares Ortega, de 30 anos, e Maykon Leiva Monção, 31 de idade, foram condenados a 17 anos e seis meses de prisão pela execução de Felipe Batista Carvalho. A vítima havia sido encontrada morta com pés e mãos amarrados por fios elétricos em uma estrada vicinal que liga o Jardim Santa Emília ao Bairro Nova Campo Grande, na Capital.

A soma da pena pelos crimes de homicídio qualificado, cárcere privado, ocultação de cadáver e integrar organização criminosa chegam a 35 anos. Segundo os autos do processo, transitado em julgado nesta terça-feira (29), aponta que Felipe foi morto após uma acusação de estupro de vulnerável contra uma menina de 11 anos.

Felipe estava desaparecido desde o dia 17 de abril de 2022, conforme boletim de ocorrência registrado pelo pai do rapaz, Reginaldo de Carvalho Ávila. Na época, ele contou que o filho trabalhava como servente de pedreiro em uma fazenda na cidade de Anastácio, a 122 km da Capital, onde conheceu um outro rapaz identificado como Renan.

Ainda conforme registro policial, a mãe de Renan ofereceu uma vaga de emprego para Felipe trabalhar como operador de máquinas em Campo Grande. O rapaz seguiu para a Capital, mas não conseguiu a vaga prometida. Dessa forma, ele passou a morar com Renan e a sua mãe no Jardim Los Angeles, bairro do sul da Capital, ocasião em que conheceu uma mulher, não identificada, que demonstrou interesse em manter relacionamento amoroso com Felipe. Porém, o rapaz não quis e passou a “se relacionar” com a filha dessa mulher.

Revoltada, a mulher acionou o “comando” de uma facção criminosa para punir Felipe, pois a menina fazia uso contínuo de medicamento controlado. Sabendo dessa situação, o acusado chegou a entrar em contato com o pai dizendo que pelo ocorrido apenas “apanharia” como punição e “estaria tudo resolvido”. Mas dias depois, a mãe de Renan entrou em contato com o pai de Felipe informando que o rapaz havia sido classificado como “jack” - termo do crime para quem comete estupro - e, em razão disso, havia chances dele ser executado.

Em outra ocasião, não informada, a mãe de Renan entrou em contato novamente com o pai afirmando que o “comando” havia levado Felipe para a “cantoneira”, onde seria assassinado. Enquanto acontecia o julgamento, Bruno e Maykon eram responsáveis por cuidar o portão.

Dentro da casa, segundo os réus, ficaram dois homens com o apelido de "Jamaica" [o missionário] e "Paquistão/Gordinho", que teriam executado e participado da ocultação de cadáver.Os dois alegam que não estavam na residência no momento da execução, estavam na parte de fora da casa. O caso foi investigado pela DHPP (Delegacia Especializada de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa).

Conforme o MPMS, Bruno participou da ocultação de cadáver, junto com Jamaica e Paquistão. Em depoimento, Bruno afirmou que não considerava ser ocultação de cadáver visto que "ocultação seria um local que o corpo jamais seria encontrado, mas ele estava apenas em uma mata", afirmou o réu.

Após descobrir o abuso, a mãe da criança pediu a intervenção de uma organização criminosa, que atua na região do Bairro Paulo Coelho Machado. Felipe acabou sendo morto durante um julgamento "informal" da facção na região da invasão da Homex. Mas houve deslocamento durante a execução e os atos terminaram em um imóvel no Jardim Tarumã.

Em abril do mesmo ano, foi registrado boletim de ocorrência de estupro de vulnerável na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) pela avó da criança, uma mulher de 44 anos. Ela contou que a mãe da menina descobriu no dia 15, mesmo dia do desaparecimento do rapaz, que a filha estava se relacionando com o jovem e tinha mantido relação sexual com ele. Segundo a avó, depois do episódio, ela havia levado a neta para morar em sua casa e iria entrar com pedido da guarda, pois nem estudando a menina estava.

Em atendimento no setor psicossocial, a criança confirmou que estava “namorando” Felipe. Nesta ocasião, o rapaz já havia sido inserido no sistema da polícia como vítima de desaparecimento.

Movimentação de peritos no local onde o corpo de Felipe foi encontrado. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Movimentação de peritos no local onde o corpo de Felipe foi encontrado. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

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