Robinho não se entrega, mas dá entrevista e tenta justificar crime
Dois dias depois de sair da prisão, Roberson matou a jovem de 18 anos, há 38 dias. Ele teve a prisão decretada, mas ainda não foi localizado
Há 38 dias, Roberson Batista da Silva, 32 anos, matou a jovem Mayara Fontoura Holsback, de 18 anos, em Campo Grande, e desapareceu após o crime. Robinho, como é conhecido, já teve a prisão preventiva decretada e, portanto, é considerado foragido. Procurado pela polícia e sob clima de revolta da família da vítima com o fato de não ter sido preso, Robinho entrou em contato com a redação do Campo Grande News e disse que quer dar sua versão do crime: afirma que matou a jovem durante uma briga e que tudo foi legítima defesa. Essa versão já foi, de pronto, rejeitada pela polícia diante das circunstâncias do crime.
Apesar disso, nas mensagens por Whatsapp, Robinho tenta de todas as formas justificar o crime. Para a polícia, foi um feminicídio com requintes de crueldade. A vítima levou três golpes de tesoura e foi encontrada nua sobre a cama com parte do corpo coberto com edredom. Havia sangue no colchão, nas cobertas e algumas manchas no banheiro (no interruptor e na parede). A tesoura usada no crime foi localizada coberta de sangue ao lado do corpo, que já estava em rigidez cadavérica.
Quando o crime foi descoberto, surgiu a informação de que Roberson havia saído um dia antes do Instituto Penal em Campo Grande, onde cumpriu pena por tentativa de homicídio. A ficha dele é longa, com mais de 35 passagens, incluindo violência doméstica, tentativa de homicídio e furtos.
Há seis anos, foi preso por atirar três vezes e quase matar a ex-mulher. Por outras 11 vezes, foi denunciado por violência doméstica.
"Meu lado" - Roberson não nega o crime contra Mayara. Diz, no contato feito com a reportagem, que gostaria de apresentar o outro "lado da moeda". "A Mayara não era uma menina que apenas usava sandálias, que trabalhava, e que era jogadora de handebol.... Ela era GAROTA DE PROGRAMA", escreveu, acentuando as últimas palavras.
"Tenho fotos pra provar a minha versão que foi de LEGITIMA DEFESA", prossegue, novamente usando caixa alta. Depois, envia imagens de cortes nas mãos que, segundo ele, foram feitos no momento em que tomou a tesoura da mão da vítima. "E essa mordida foi pra que ela conseguisse tomar a tesoura da minha mão", continua.
Robinho prossegue dizendo que há dias gostaria de uma "chance" para apresentar sua versão dos fatos e que acha isso "justo". Afirma, ainda, que já procurou outros veículos de imprensa, indicando a pressa de ser ouvido. Ele usa um telefone que tem apenas o aplicativo do Whatsapp.
O advogado Ilton Hashimoto, que atua na defesa de Roberson, disse que realmente existem as fotos dos supostos ferimentos e que o cliente quer falar. Ele estaria programando uma entrevista por áudio ainda esta semana. Sobre Robinho se entregar, o advogado afirma que cada dia ele decide uma coisa. O defensor diz não saber o paradeiro do cliente e que só conversa com ele pelo Whatsapp.
O Campo Grande News procurou a família de Mayara, que ficou revoltada com as afirmações de Robinho, e, principalmente, com o fato de ele estar procurar a imprensa e não se apresentar à polícia. Ninguém quis dar entrevista.
A reportagem procurou a Polícia Civil, diante da gravidade das informações. A delegada responsável, Ariene Murad, disse que tudo indica que Robinho esteja se valendo do mesmo tipo de comunicação que os presos utilizaram nas cadeias e que, neste caso, não há como rastrear o número.
Ela desmonta a versão de legítima defesa. "Não há marcas de luta e as tesouradas foram em região letais. Foram três golpes no pescoço".