Rua no Núcleo Industrial tem 125 buracos em trecho de menos de 2 km
Em vários pontos, a água acumulada da chuva esconde buracos que são armadilhas para motoristas que passam pela região
A buraqueira que toma conta de ruas e avenidas de Campo Grande já não é novidade, exigindo paciência e atenção redobrada dos motoristas. No Núcleo Industrial, na saída para Corumbá, a situação é ainda mais crítica: a Rua Principal Número 1 é mais uma recordista no quesito “erosões asfálticas”, com 125 buracos e crateras em um trecho de quase 2 quilômetros.
O simples ir e vir na via, paralela à BR-262 no trecho do anel rodoviário entre as saídas para Corumbá e Sidrolândia, se tornou pesadelo dos motoristas que passam por lá. A região recebe fluxo intenso de veículos de grande porte devido ao escoamento da produção industrial da Capital. Sem manutenção, o asfalto fica todo esburacado e, com o período chuvoso, a situação piora.
Caminhoneiro há 25 anos, Mário Guimarães, 50 anos, disse estar arrependido por ter passado pela via. “Parei para tomar um café e quebrei a cara. Dá dó de ver isso, o pior é que está assim na cidade inteira”, descreve.
Com residência fixa em Campo Grande há mais de 20 anos, ele acredita que a cidade passou pela pior fase de sua história. “A cidade ficou abandonada nesses últimos tempos”, acrescenta.
Acostumado a percorrer várias regiões trabalhando, o taxista Victor Hugo Silva, 42 anos, afirma estar surpreendido com situação da via. “Da buraqueira que eu já vi, essa com certeza, é uma das piores”, disse ele.
Para os empresários que possuem comércio ali, os buracos se tornaram um empecilho no embarque e desembarque de cargas. “Os caminhoneiros torcem o nariz quando precisam vir descarregar aqui. Por conta dos buracos, nós adotamos a política de não receber caminhões em dias de chuva e no período noturno, quando chove vira um ‘piscinão’”, conta o empresário João Paulo Medeiros Piotto, 34 anos.
Há 25 anos a família de João Paulo possui empresa no local e, segundo eles, a situação sempre foi de abandono. “Aqui sempre tivemos problemas com iluminação e asfalto, nunca vi nenhuma equipe de tapa-buracos aqui, nos últimos três anos a situação piorou com a confusão política que tomou a prefeitura. É vergonhoso, aqui é o polo industrial mais antigo de Campo Grande, a maior esmagadora de soja do mundo está aqui, nós geramos muitos empregos e pagamos em dia nossos impostos em dia. Não tem explicação pra tamanho abandono”, acrescenta.
A administração municipal informou que está trabalhando com 20 frentes de serviços de tapa-buraco por toda cidade, quase o triplo se comparado com a gestão anterior. São 750 buracos tapados por dia, quase 362% a mais em relação aos últimos dois meses de 2016.
Segundo a prefeitura, em três semanas de gestão foram fechados 17 mil buracos, o que representa a recuperação de aproximadamente 5 quilômetros de pavimento. Mesmo sem cronograma específico para a região do núcleo industrial, o Executivo Municipal garante que as equipes de tapa-buraco irão passar pela via esburacada.
Recordista - Em comparação com outras vias esburacadas visitadas pela equipe do Campo Grande News, a Rua Principal Número 1 conseguiu superar o número de buracos no trecho entre a Avenida João Arinos e a Rua Afonso Lino Barbosa, localizada na saída para Três Lagoas, que até o dia 31 de Dezembro tinha 90 buracos em mais de 1 quilômetro de extensão. Porém, ainda perde para a Rua Rui Barbosa, no bairro Vila Santa Dorotheia, que no dia 01 de Fevereiro possuía 93 buracos em apenas 153 metros de extensão da via.
R$ 50 milhões - Na última quinta-feira (19) a prefeitura de Campo Grande e o Governo do Estado firmaram um convênio para reforçar o serviço de tapa-buracos por cinco meses, ampliar as equipes e, a partir do segundo semestre, custear recapeamento em avenidas. Metade do dinheiro é proveniente do Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário de Mato Grosso do Sul) e os outros R$ 25 milhões serão pagos, de forma parcelada, pela administração municipal.
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