Engavetado há 4 anos, recapeamento do Centro depende de dólares do BID
Engavetado desde 2013, o recapeamento do quadrilátero central agora depende do Reviva Centro, recursos próprios e financiamento com a Caixa Econômica.
Mas enquanto não se vence a burocracia para receber os US$ 64,4 milhões do programa financiado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e não há receita disponível, o desafio é vencer os buracos que espalham pelas vias, tão afetadas quanto as ruas dos bairros.
Na Dom Aquino, na quadra entre a Pedro Celestino e a Padre João Crippa, são dez buracos. Com destaque para um de grande extensão e profundidade na faixa da esquerda. “Esse tem um dois meses já. Nasceu aí e foi crescendo, crescendo. É um buraco muito grande, não tem como passar”, afirma Ideval Teixeira, 61 anos, proprietário de um estacionamento.
Perto do buraco, ele testemunha de pequenas batidas entre os veículos à queda de motociclista. “Acho que tinha que ter uma equipe separada só para esses grandes buracos”, diz.
Na Barão do Rio Branco, uma sequencia de pequenos buracos deixa pouca margem de manobra para os condutores, num cenário em que, em geral, todas as faixas estão ocupadas por veículos. “Estão fechando os buracos, mas está difícil”, diz o taxista Wilson Barros, 65 anos. Em 17 anos de trabalho diário nas ruas de Campo Grande, ele conta que nunca viu a região central tão esburacada.
De acordo com especialista ouvido pela reportagem, o recapeamento do centro custaria R$ 20 milhões. O cálculo considera o aumento de 100% do cimento asfáltico. Publicado em 2012 pelo então prefeito Nelsinho Trad, o contrato 374 com a Proteco Construções Ltda para o recapeamento e microdrenagem era de R$ 9.889.900,76.
Contudo, em março de 2013, no começo da gestão de Alcides Bernal (PP), o contrato para recapear o quadrilátero - formado pela 25 de Dezembro, Afonso Pena, Mato Grosso e Ernesto Geisel - foi rescindido por falta de recurso. Nos últimos anos, a empresa foi alvo de investigações na operação Lama Asfáltica, realizada pela PF (Polícia Federal).
De 2013 para 2017, os buracos se agravaram nas ruas centrais, por onde circulam significativa parcela dos campo-grandenses. No período, a tonelada do CAP (Cimento Asfáltico de Petróleo) dobrou de preço: passando R$ 1.100 para R$ 2.200. Ainda conforme o especialista, o recapeamento de uma quadra de 700 mil metros quadrados custa R$ 28 mil.
Conforme o o secretário-adjunto de Infraestrutura e Serviços Públicos, Ariel Serra, uma das fontes de recurso para recapamento na área central será o Reviva Centro. “Não contempla o total, mas a Calógeras, a 14 de Julho e parte da Barão do Rio Branco. O que ficar de fora depende de recursos próprios e também financiamento com a Caixa Econômica”, diz.
Por enquanto, o antídoto será o mesmo para todas as ruas da cidade: tapa-buraco. “Vai ser potencializado com o recurso do governo”, afirma. Convênio com a prefeitura e a administração estadual destinou R$ 20 milhões para o tapa-buraco e R$ 30 milhões para recapeamento.
Reviva - O Plano para Revitalização do Centro foi instituído em 20 de julho de 2010 pela Lei Complementar 161. No ano seguinte, a prefeitura baixou decreto sobre os anúncios nas fachadas das lojas, exigindo reformas. Em 2014, foi criado o Funcentro (Fundo de Fomento ao Plano de Revitalização do Centro).