Sem coleta há três dias, chuva espalha lixo e sujeira toma ruas da Capital
A chuva que não dá trégua na Capital desde o final da tarde desta quinta-feira (10) vem contribuindo para espalhar o lixo pelas ruas e calçadas. No terceiro dia de greve dos funcionários da Solurb, empresa responsável pela coleta de lixo na cidade, é possível observar nos bairros e, especialmente na região central, diversos sacos e até caixas de eletrodomésticos jogados no meio da rua.
Segundo comerciantes do Centro, os funcionários até procuram organizar o lixo na calçada, mas nos momentos em que a chuva fica intensa, a força da água acaba estragando o trabalho dos lojistas, levando os sacos para as ruas e avenidas.
O maior problema com as chuvas, segundo eles, é entupir os bueiros e provocar mais alagamentos na cidade.
Nos bairros a situação não é diferente. Na manhã desta sexta-feira (11) a equipe do Campo Grande News flagrou diversos sacos espalhados no cruzamento das ruas Ibirapuera e José de Freitas Guimarães, no Jardim São Lourenço.
O material estava espalhado ao longo de um quarteirão e a tendência era se espalhar mais devido ao tráfego de veículos.
Trabalhando no bairro há três dias como encarregado de obras, Pablo Fabiano acredita que a população deveria colaborar e não deixar o lixo na frente das casas. “Já não tem espaço mesmo nas lixeiras. É só até essa situação se resolver”, diz.
Outros moradores da região também concordam que procurar um local em casa para armazenar o lixo durante a greve é a melhor solução para evitar que a sujeira se espalhe nas ruas.
Esse é o exemplo que também vem sendo seguido pela empregada doméstica Vitória Antunes Ruiz, que mora no Bairro Estrela Dalva, mas trabalha no São Lourenço. “Por enquanto estou conseguindo armazenar no meu quintal porque no meu bairro também está tudo espalhado pelas ruas. Se a gente não fizer isso vai acabar entupindo mais os bueiros”, afirma.
O mecânico Rodrigo Campos, que trabalha em uma oficina na Rua Ibirapuera também está organizando os sacos dentro do estabelecimento. “Tem que deixar dentro de casa porque na rua só vai piorar a situação”, enfatiza.
Já nas ruas da região central, a situação piora a cada dia. Nesta quinta-feira o Campo Grande News constatou que funcionários de uma empresa de limpeza, que presta serviços a um centro comercial na Avenida Afonso Pena, estavam varrendo a calçada e juntando o lixo espalhado em sacos.
Porém, com a chuva, os funcionários estão tendo dificuldade em manter a organização e o resultado são montanhas de lixo se acumulando em frente às lojas e restaurantes.
Moradora do Bairro Amambaí, próximo a Avenida Afonso Pena, a funcionária de serviços gerais Rosana da Silva de Morais conta que no final da tarde de ontem a avenida se transformou em rio devido ao lixo que bloqueava os bueiros. Ela apoia o movimento dos funcionários, mas ressalta que a empresa e a prefeitura precisam entrar em acordo para colocar fim a greve.
"Ninguém quer trabalhar sem receber, mas é a população que está sendo prejudicada. Se essa chuva continuar, os bueiros que já são entupidos vão transbordar mais rápido e as ruas vão virar um caos", afirma.
Sem acordo - No final da tarde desta quinta-feira, prefeitura e Solurb não entraram em acordo durante reunião que pretendia por fim a greve dos cerca de mil funcionários da empresa que não receberam os salários do mês.
No entanto, o prefeito Alcides Bernal (PP) levantou a possibilidade de, nessa sexta-feira, passar uma nova posição para a concessionária do serviço.
O superintendente da Solurb, Élcio Terra, disse após a reunião que os gestores municipais ressaltaram a crise financeira enfrentada pela prefeitura e Bernal disse não ter condições de prometer nenhum pagamento, mas se comprometeu a procurar a empresa se houver alguma alteração no quadro financeiro da administração.
A CG Solurb afirma que tem a receber da prefeitura R$ 49 milhões, entre pagamentos dos meses atrasados, ressarcimento e outros serviços, já a prefeitura diz que o pagamento está em dia e que só neste ano a empresa já recebeu do município R$ 56 milhões. A empresa alega que a prefeitura deveria pagar R$ 7 milhões por mês, mas só pagou R$ 1 milhão em agosto. Apesar das medições terem sido feitas, o pagamento está atrasado há mais de 90 dias e o débito soma R$ 23,8 milhões só se considerar as parcelas atrasadas.