Sem energia no fim de semana, moradores perdem o que têm na geladeira
No Mário Covas, luz elétrica que acabou durante a chuva dos últimos dois dias não voltou até agora
Sem energia, moradores da Rua Florêncio José Pereira – no Bairro Mário Covas - até ficaram em casa no final de semana, mas sem luz, perderam os alimentos na geladeira. Alguns estão desde sábado (15) à noite sem luz. A energia caiu durante o vendaval que atingiu a cidade com a chegada da chuva. Em outras casas, a energia foi restaurada no domingo para rapidamente “sumir” de novo horas depois.
Com ventos que chegaram a 50 quilômetros por hora, 16 bairros ficaram sem luz, conforme registrou o Campo Grande News no fim de semana. A reportagem consultou novamente a Energisa, concessionária responsável pelo serviço em Campo Grande, que informou já ter atendido a maioria dos 15 mil clientes que ficaram sem o serviço no final de semana.
Segundo nota da empresa, até o momento, 1,5 mil ainda precisam ter a energia restabelecida.
"A Energisa informa que as equipes da concessionária continuam os trabalhos para normalizar a interrupção no fornecimento de energia em oito bairros na Capital: Jardim Centro Oeste, Mata do Segredo, Moreninha, Vilas Boas, Universitário, Vila Carvalho, Parque do Lageado e Chácara dos Poderes", cita.
A empresa afirma que, em alguns bairros, "os reparos demoraram um pouco mais por causa da complexidade como árvores de grande porte e galhos em contato com a rede elétrica, postes caídos, objetos lançados à rede e dificuldade de acesso aos locais".
Sobre o Mário Covas, afirmou a suspensão da luz "foi ocasionada por descarga atmosférica". "A solicitação entrou no sistema da concessionária na madrugada desta segunda-feira (17/8). Equipes foram direcionadas ao local e o fornecimento foi normalizado às 9h35 de hoje", diz a nota.
No domingo (16), a empresa comunicou que equipes espalhavam-se pela cidade trabalhando para restabelecer a energia o mais rápido possível.
Na rua de terra batida com cascalho o único benefício da chuva foi a poeira que assentou, melhorando a qualidade do ar que se respira. Para o jardineiro José Roberto, 48, que vive há 15 anos ali, o final de semana foi de transtornos.
“A primeira vez que acabou, eram 20h30. Voltou na madrugada de domingo às 4h30, e nesta madrugada às 2h acabou novamente”, contou o jardineiro.
“É estranho porque outras ruas têm energia e a minha rua sempre dá problema e um transformador explode. Já liguei várias vezes, falam que vão mandar equipe e esquecem da gente. As coisas da geladeira estão descongelando tudo. Tem carnes, remédio que precisa ficar resfriado dentro da geladeira”, contou ele.
Para o morador, a revolta é pela necessidade. “Engraçado que quando é para cortar nossa energia eles vêm rapidão, mas quando é para arrumar um problema que é deles, demoram. A gente precisa que eles resolvam rápido. Quando é uma coisa favorável resolvem rapidinho”, disse.
Além dele, a filha e os quatro netos – crianças de 2, 3, 4 e 6 anos – vivem na mesma rua. É a parte mais difícil da quarentena que protege as pessoas do novo coronavírus. “Fica muito ruim com as crianças dentro de casa sem luz, fica tudo em desespero”, conta o avô.
Moradora da mesma rua, a dona de casa Ana Aparecida de Souza, 54, disse que a energia acabou novamente no domingo às 15h, depois de ter sido restaurada na madrugada. “De sábado para domingo acabou era meia-noite”, contou. Ela afirma ter a impressão de que a resistência do chuveiro acabou prejudicada. “Eu fui tomar banho e liguei o chuveiro e estava muito quente, quando fui mudar para o morno, desligou”, contou.
“O primeiro protocolo foi às 15h22. Falaram que era de 4h a 5h para mandarem equipes, ligamos 4 vezes e informaram que iriam vir no mesmo prazo e nada. É horrível ficar sem energia. Passamos a tarde toda sem luz, a geladeira descongelou tudo, carne, legumes, verdura, requeijão e não dá pra ser mais usado. É complicado, é uma coisa tão simples”, contou Ana, chorando.
Ela disse “estar com dor de cabeça” pelo nervosismo. “Vou procurar um advogado para ver o que podemos fazer, eles não vêm, ficam tapeando a gente”, diz.
“Por que não vieram até agora, é por que somos classe pobre? Somos clientes igual todos os outros. Nossa luz está em dia, não tem porque passarmos por isso”, declara a dona de casa.
O açougueiro Laudemir Oliveira Souza, 52, mora há 16 anos no bairro e ficou sem luz às 3h de domingo. “Não é a primeira vez que isso acontece. Sempre temos esse problema com a energia. Não sei se é transformador que cai, se eles que desligam, até agora não voltou a luz”, conta.
“Falaram que vão mandar técnicos. Coisas de geladeira já estão descongelando. Ainda mais que são cosias antigas”, disse Laudemir, que vive com a esposa e dois netos, de 2 e 4 anos.
“Crianças dentro de casa, sem energia, muito mosquito, calor... é difícil essa situação. Queremos que eles resolvam nosso problema. Todo mundo paga energia certinho, e não é certo acontecer isso", comentou ele.
*matéria atualizada às 10h59 para acréscimo de informações.