Sem ônibus e com corridas nas alturas, paralisação afeta 160 mil passageiros
Pessoas se socorreram com parentes e patrões para chegarem ao trabalho nesta 3ª feira
A greve do transporte coletivo nesta terça-feira (dia 21), que afeta 160 mil pessoas, obrigou os passageiros a buscarem carona com parente e empregadores. Com o dinheiro curto, os trabalhadores não conseguem encarar os preços altos cobrados pelos aplicativos de corrida.
A última greve dos ônibus em Campo Grande foi no ano de 1994. Desde então, as paralisações foram resolvidas em questão de horas. Hoje, o movimento grevista cobra o pagamento de salários dos funcionários do Consórcio Guaicurus.
Parada no ponto de ônibus do Bairro Maria Aparecida Pedrossian, a contadora Graciele Aparecida de Lima, 38 anos, esperava pelo irmão. A carona será até o Centro, onde ela trabalha. Mas a passageira já se preocupa com a volta para a casa. “Fico pensando como vai ser se o serviço não voltar até o fim do dia. Mas se for por falta de pagamento, a causa é justa”.
No Residencial Oiti, o pedreiro Ronald Alves de Melo, 44 anos, aguardava pela patroa, que hoje ficou responsável por levar os funcionários para obra na Rua Joaquim Murtinho. Ele critica a qualidade do transporte coletivo.
“É uma vergonha. A gente passa mais de uma hora em pé esperando o ônibus. Esse ponto está torto, tombado para trás, mas até que é confortável”, diz. Para o pedreiro, a mobilização dos trabalhadores do transporte coletivo é correta. “Estão certo, ninguém trabalha de graça, nem relógio”.
No Jardim Noroeste, a auxiliar de limpeza Julienne Luc, 31 anos, utiliza o ônibus para chegar ao trabalho no Itamaracá e também ao curso de qualificação em hotelaria e turismo. Com dois aplicativos instalados no celular, ela não conseguia chamar um veículo por conta do preço alto.
“Primeiro, achei que era problema na linha. Mas andei um bom pedaço para tentar pegar outra linha”, diz, sobre as andanças frustradas nas primeiras horas da manhã. O preço do aplicativo Uber estava de R$ 39, depois caiu para R$ 30. Os bairros citados ficam na saída para Três Lagoas, região Leste de Campo Grande.
A categoria, entre motoristas e administrativos, reúne um contingente de mil trabalhadores na Capital.