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Capital

Sem tabu: saiba onde fazer o exame preventivo de câncer de próstata na Capital

Exame é gratuito e deve ser feito por homens com mais de 50 anos, e pacientes de 45 com histórico familiar

Natália Olliver | 08/11/2022 17:02
Fachada da USF Arnaldo Estevão de Figueiredo (Kísie Ainoã)
Fachada da USF Arnaldo Estevão de Figueiredo (Kísie Ainoã)

Na capital sul-mato-grossense, o público alvo da campanha de conscientização e prevenção anual contra o câncer de próstata, homens com mais de 50 anos podem buscar auxílio para o rastreamento da neoplasia em 73 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e USFs (Unidades de Saúde da Família) de Campo Grande. Além disso, também podem fazer os exames preventivos no HCAA (Hospital de Câncer da cidade, Alfredo Abrão). As consultas são gratuitas.

A instituição oferece 100 senhas por dia para realização dos atendimentos. O serviço começou nesta terça-feira (8) e é feito por ordem de chegada. As senhas começam a ser distribuídas às 5h e os resultados poderão ser retirados em 15 dias úteis no local. Tanto nas unidades de atenção primárias, UBSs e USFs, quanto no hospital, os casos suspeitos serão investigados, encaminhados para atendimento especializado, e, se confirmado a doença, direcionados para o tratamento adequado.

A  SESAU (Secretária Municipal de Saúde) explicou à reportagem que os homens diagnosticados com o tumor maligno poderão fazer o tratamento na rede de apoio do município, o Centro De Referência À Saúde Do Homem - Dr. Etienne De Albuquerque Palhano. O atendimento é feito durante todo ano, também de maneira gratuita.

De acordo com a pasta, o local atende casos mais específicos da doença. Os homens ainda podem contar com a assistência da rede complementar, que são os hospitais, como o próprio Alfredo Abrão para buscar o tratamento do câncer de próstata.

Dados -  A secretaria informou que até o último dia 15 de setembro, 58 novos casos de câncer de próstata foram confirmados na Capital e 30 pessoas já diagnosticadas iniciaram o tratamento. "É possível concluir que nem todos os pacientes que receberam o diagnóstico iniciaram o tratamento, da mesma forma que é possível perceber que uma pessoa que recebeu o diagnóstico no ano anterior tenha iniciado o acompanhamento somente agora."

Em 2021 foram 105 novos diagnósticos da doença e 81 óbitos em decorrência do câncer de próstata. "Novamente reforçamos que os óbitos não são necessariamente de pessoas com diagnóstico naquele ano, e que estão incluídas neste grupo pessoas que já realizavam o tratamento da doença ou que não buscaram pelo acompanhamento. Até o momento, foram 49 óbitos registrados em 2022", concluiu.

Especialista - O médico urologista, José Ricardo Silvino, de 40 anos, ressaltou que o diagnóstico é feito através do exame de PSA (medidor no sangue) e biópsia de próstata. “Apenas os pacientes que apresentam alguma alteração no exame de PSA ou no exame físico (toque retal) devem fazer a biópsia, que é a última coisa que vai fechar o diagnóstico”, disse.

Silvino evidenciou que o câncer acomete homens em várias idades, mas a maior incidência acontece a partir dos 50 anos. “É recomendado que eles passem no urologista uma vez ao ano para fazer os exames clínicos. Pacientes com histórico familiar, obesidade ou pacientes negros, a recomendação é de que façam o exame 5 anos antes, ou seja, aos 45. A gente sabe que quanto mais idade, maior a chance de apresentar o câncer de próstata”, pontuou.

O urologista destacou que o diagnóstico precoce é um fator decisivo para salvar a vida do paciente. “O objetivo é que façam o diagnóstico nas fases iniciais, quando o tumor está precoce, quando ainda não tem sintomas. Porque a gente consegue uma taxa de cura muito maior, em 90% dos casos. Por isso a importância de fazer o diagnóstico no início da doença, por isso a importância de fazer a rotina com os dois exames anualmente”, disse.

Prevenção - O profissional explicou que prevenir câncer de próstata não é fácil, devido aos fatores de riscos, que podem acarretar no surgimento da doença, serem inerentes, ou seja, inseparáveis dos pacientes: cor, idade e histórico familiar.

“Especificamente para o câncer de próstata, a gente percebe que os fatores de risco é a idade. Além disso, pacientes negros costumam apresentar um câncer mais agressivo e, principalmente, o histórico familiar”. revelou.

Para prevenir o tumor na próstata, José Ricardo Silvino afirmou que de maneira geral, a mudança da qualidade de vida ajuda: atividade física, diminuir o sedentarismo e dieta mais equilibrada.

O médico comemora a diminuição do tabu existente envolto ao tema. “Uma coisa interessante que a gente vem observando é que os homens estão deixando de lado a questão do preconceito. Hoje a gente percebe que o homem é mais receptivo e procura o médico com maior frequência do que antigamente. Isso é fruto das campanhas que vem surtindo frutos no consultório", terminou.

Quem viveu sabe - O deputado estadual Paulo Duarte (PSB) revelou, no último dia 11 de novembro, que em 2021 foi diagnosticado com câncer de próstata. Ao Campo Grande News o agente tributário disse que descobriu a neoplasia através do exame de sangue. Ele informou que não estava com nenhum sintoma e seguia com a vida normalmente.

Paulo explicou como descobriu o câncer de próstata (Foto: Wagner Guimarães)
Paulo explicou como descobriu o câncer de próstata (Foto: Wagner Guimarães)

“Houve um aumento do PSA. Mesmo assim, o exame de toque e ressonância estavam normais. Acharam que era apenas uma prostatite (inflamação benigna da próstata). Tomei remédio e não reduziu o PSA. Depois disso a indicação de fazer a biópsia”, disse.

Ele recebeu os resultados que constataram a presença de tumores, já em estágio avançado. “Recebi o inacreditável resultado. A indicação foi cirurgia urgente. Fui operado no dia 20 de dezembro. Se demorasse mais alguns meses, a chance de virar uma metástase era muito grande”, contou.

Sobre a cirurgia, o parlamentar evidenciou que o pós-operatório foi o momento que mais sentiu dores “é bem complexa, nunca senti tanta dor na minha vida nos primeiros dias pós cirurgia, mas a recuperação foi muito boa. Posso dizer que estou curado por ter descoberto ainda em tempo. Sou muito grato a Deus e a um grande amigo meu, médico de Corumbá. Ele me indicou a biópsia, que posso dizer que salvou minha vida . E também participou da cirurgia”, comentou.

Agora, Paulo Duarte precisa acompanhar o quadro por 5 anos para evitar qualquer surpresa ou reincidência de tumores. “Por incrível que pareça ainda existe um tabu muito grande. Esse foi o motivo de eu tornar público o drama que passei. Conscientizar as pessoas da importância da prevenção. Depois que falei disso publicamente, pessoas me vieram dizer que não faziam a prevenção por preconceito ou medo".

Ele ainda alertou homens que se recusam a realizar o exame por medo e preconceito.

 "Quem faz isso está praticando uma roleta russa. Uma hora dessas o pior pode acontecer. E absolutamente nada é mais importante que a nossa saúde!", finalizou.

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