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Capital

Sob ordem de despejo, moradores bloqueiam BR-262 em frente ao lixão

Os manifestantes querem tentar negociação com representantes da Prefeitura de Campo Grande e Ministério Público

Mayara Bueno e Bruna Pasche | 11/01/2019 10:24
Família anda no meio da rodovia, bloqueada por moradores para protesto. (Foto: Henrique Kawaminami).
Família anda no meio da rodovia, bloqueada por moradores para protesto. (Foto: Henrique Kawaminami).

Moradores dos jardins Colorado e Pênfigo, em Campo Grande, fecham trecho da BR-262, na frente do lixão no anel viário, nesta sexta-feira (dia 11). São pelo menos 40 pessoas em protesto, com cartazes e galhos de árvores que servem de bloqueio da rodovia.

Há uma semana, eles receberam uma ordem de despejo para deixar suas residências, por isso a manifestação de hoje. Os moradores aguardavam a chegada da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e querem a presença de representantes da Emha (Agência Municipal de Habitação) e MP (Ministério Público).

Na decisão judicial, a Prefeitura de Campo Grande cobra a retomada da área, que equivale a cerca 28 mil m² (metros quadrados) que compreende duas quadras, na extensão da Rua Sebastião Ferreira.

O local é uma APP (Área de Preservação Ambiental) que fica à margem do Rio Anhanduí e que, segundo os próprios moradores, começou a ser ocupada há pelo menos 20 anos. No perímetro, casas de alvenaria dividem espaço com outras de madeira, sem ligação de água ou luz, mas onde vivem cerca de 150 pessoas, entre adultos e crianças.

Residências, do lado esquerdo, na região contestada na Justiça. (Foto: Henrique Kawaminami).
Residências, do lado esquerdo, na região contestada na Justiça. (Foto: Henrique Kawaminami).

Segundo a moradora Franciele Sousa, 28 anos, a ação aponta que os moradores poluem e desmatam a área, o que não é verdade, afirma, ao contrário, já que plantam mudas em seus terrenos. Ela afirma que o processo teria surgido a partir de somente uma pessoa que desmatou a área, em 2014.

Ana Paula Leite, 33 anos, também moradora da região, disse que as casas foram construídas por eles e que, se tiverem de deixar o local, não têm para onde ir. Só ela vive no bairro há 20 anos e as crianças estudam na região.

Os moradores também relataram a história de Genilda Ferreira, 72 anos, que não pode ir ao protesto de hoje por motivos de saúde. A senhora tem um papel de 1999 que autorizava ficar no local, desde que a área fosse preservada.

Mesmo insistindo em ficar, já que alegam não ter para onde ir, algumas pessoas relatam o abandono que percebem por ali. Vera da Silva, 56 anos, contou que não costuma chamar ninguém para visitar sua residência, uma vez que o cheiro expelido por uma empresa de produtos orgânicos é insuportável. “A gente fica sufocada com o cheiro de carniça. Está abandonada [a região]”.

À reportagem, os manifestantes disseram que o objetivo não é “tumultuar ou brigar”, mas chamar atenção dos responsáveis para os problemas deles.

A Polícia Rodoviária Federal chegou no local por volta das 9 horas e os policiais disseram que já acionaram os representantes demandados pelos protestantes querem no local e outra equipe organiza o trânsito na rotatória que segue para Sidrolândia. O objetivo é tentar fazer com que motoristas que passem por lá tentem fazer outro caminho para entrar na cidade e, desta forma, evitar passar pelo local de protesto.

Confira, abaixo, manifestantes na rodovia nesta sexta-feira:

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