Temendo despejo, famílias em área invadida aguardam negociação da Prefeitura
Área já exibe casas construídas de alvenaria e moradores esperam que administração consiga negociar a compra junto ao proprietário do local
O local onde funcionou o antigo Samambaia Country Club, de 1980 a 2005, é hoje alvo de disputa judicial. O terreno exibe as casas de alvenaria, já construídas por moradores que invadiram o local. O proprietário tenta reaver o terreno na Justiça, mas o apelo dos moradores fez com que a Prefeitura tentasse negociar a compra do local. Enquanto o impasse continua, os ocupantes temem o despejo e aguardam uma resposta da administração.
Liderança da ocupação irregular, o mecânico Claudemir Lopes, 31 anos, afirma que há 15 dias houve um comunicado do proprietário do terreno , que pede a desocupação da área. Conforme explicou, foi dado o prazo de 30 dias para as 500 famílias que residem no local saírem, mas não foi apresentada ordem de despejo. O comunicado, explica, foi feito aos moradores na última sexta-feira (24).
“A gente não está aqui porque quer, nem por gostar de invadir terreno de ninguém. Eu fiquei desempregada, meu marido também e nossa única solução com 4 filhos no colo foi aqui. Há 16 anos eu espero por uma casa da Emha, vejo gente vendendo e nada da minha casa sair, eles não pensam que a gente tem filho, que as crianças precisam estudar, que existe gente sem serviço, só querem que a gente saia daqui com uma mão na frente e outra atrás”, comentou a comerciante Gisele Antônio Oliveira, 27 anos.
Conforme explicou Claudemir, os moradores procuraram a prefeitura, que teria acionado o MPMS (Ministério Público Estadual) para ajudar a comunidade a ganhar tempo para que a remoção das famílias seja realizada com segurança, para uma área pública.
“O prefeito disse em uma audiência que iria nos ajudar, fazendo um tipo de permuta com o dono da área, mas não resolveu nada. Agora pedimos ajuda pra ele também, que está tentando a mesma negociação com o atual proprietário, que está irredutível quanto a isso”. Disse Jader
O líder dos moradores explica que os ocupantes fizeram mutirão e juntaram dinheiro para ajudar na construção das casas. “Ajudamos quem não tinha condições de fazer a obra e construímos todas essas casas juntos. Estamos todos esperando esse compromisso que o prefeito fez com a gente, ele é nossa única confiança”, afirma Claudemir.
Titular da Emha (Agência Municipal de Habitação), Eneas José de Carvalho explicou que as negociações continuam, mas afirma que a questão envolve uma série de problemas, entre eles a falta de “caixa” da administração.
“As tentativas continuam sendo feitas com os proprietários, existe uma dificuldade quanto à questão de valores. Qualquer gasto que não seja o que está dentro de uma avaliação razoável implica investigação do MP. Nós temos uma série de condicionáveis. A vontade de regularizar existe. Isso é um trabalho que está sendo feito em conjunto com a Defensoria”, declarou.