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Capital

"Sou assassino, mas não sou ladrão", diz pedreiro ao mostrar como matou vítima

"Pedreiro Assassino" passa hoje pelo segundo julgamento, das sete acusações de homicídio que responde

Dayene Paz e Bruna Marques | 16/02/2022 12:26


"Sou assassino, mas não sou ladrão". A fala é do pedreiro Cléber de Souza Carvalho, em resposta ao Ministério Público, que o questionou sobre o motivo de ter levado o cartão de crédito de Timótio Pontes Roman, 62 anos, depois de matá-lo em maio de 2020. Ele confessa o crime e diz que agiu porque estava transtornado após ter matado, um dia antes, José Leonel Ferreira Santos, 61 anos. Cléber é réu por sete homicídios em Campo Grande.

No Plenário do Tribunal do Júri, nesta quarta-feira (16), o pedreiro mostrou como matou Timótio, assim como fez no primeiro julgamento no início deste mês. Com golpe de chibanca, uma espécie de picareta, acertou a vítima duas vezes. Mesmo sem saber se estava morta, a jogou no poço.

O pedreiro revela que o crime ocorreu após discussão por causa de uma dívida. "O conhecia [Timótio] há muito tempo e um dia, quanto estava tomando uma cervejinha, ele perguntou se eu conhecia um agiota porque estava precisando de R$ 3 mil emprestado".

Pedreiro mostrando como acertou a vítima. (Foto: Marcos Maluf)
Pedreiro mostrando como acertou a vítima. (Foto: Marcos Maluf)

Cléber afirma que foi até um agiota, segundo ele, policial civil que lhe emprestava dinheiro frequentemente. "Ele perguntou se tinha carro ou moto para ficar penhorado e eu falei que não. Depois, eu estava saindo, ele falou que se fosse para mim emprestava. Peguei R$ 3 mil no final do ano de 2017", lembra.

O pedreiro diz que em seguida levou o dinheiro até Timótio e explicou que os juros seriam de 150 a cada R$ 1 mil, ou seja, teria que pagar R$ 450 de juros pelo valor emprestado. No entanto, Timóteo não teria arcado com o combinado. "Foi eu que passei a pagar pequenas quantias para o agiota, os juros todo mês".

Desde então, Cléber alega que sempre cobrava o amigo, mas que Timótio afirmava não ter a quantia. Já em abril de 2020, o pedreiro teve uma promessa de pagamento do amigo. "Ele falou que iria me pagar naquela semana, isso era uma segunda ou terça-feira, mas não falou o dia que ia pagar".

Cléber também mostrou como jogou Timótio no poço. (Foto: Marcos Maluf)
Cléber também mostrou como jogou Timótio no poço. (Foto: Marcos Maluf)

Nessa mesma conversa, também firmaram outro compromisso de serviço. "Ele pediu para eu fazer a calçada da casa e então combinamos para sábado. Pensei que faria o serviço e ele já me pagava o que devia", lembra.

O pedreiro foi até a casa de Timótio, na Vila Planalto, no sábado combinado. No local afirma que colocou as ferramentas no fundo da casa, momento em que foi informado pela vítima que não teria comprado os materiais para a calçada. "Perguntei da areia e do cimento, ele falou que não deu tempo de comprar, mas me pediu para arrumar algo do encanamento no banheiro".

Os dois foram até o fundo da residência, para, segundo Cléber, a vítima mostrar os canos. "Ele perguntou quanto eu cobrava, disse que R$ 50 e já aproveitei para perguntar do dinheiro do agiota, quando respondeu que não arrumou". Os amigos começaram a discutir. "Aí desandou tudo, discuti com ele, peguei o cabo da chibanca e dei os golpes. Perdi a cabeça, eu já estava perturbado com um dia antes do José Leonel", revela.

Chibancas usadas em crimes foram mostradas em plenário. (Foto: Marcos Maluf)
Chibancas usadas em crimes foram mostradas em plenário. (Foto: Marcos Maluf)

Depois, afirma que jogou o corpo dentro do poço. "Empurrei a tampa para fechar, na hora não pensei em nada", disse, sem saber se a vítima estava morta. Depois, fechou a casa, pegou um cartão de crédito da vítima e saiu do local. Em seguida, Cléber foi até a casa de José Leonel, local onde estava morando depois de matá-lo.

Horas depois, conta que passou na frente da casa de Timótio e, como viu a luz acesa, desligou o padrão. Questionado pelo Ministério Público se chegou a usar o cartão da vítima, Cléber se ofendeu. "Sou assassino, mas não ladrão. Quero falar para os jurados que não sou esse monstro que a polícia e a mídia fala. Sou boa pessoa, trabalhador, mas tem momento que perdemos a cabeça. Vocês me desculpem".

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