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Capital

"Pedreiro Assassino" demonstra como matou vítima e alega que foi legítima defesa

Cléber Carvalho diz que amigo não pagou dívida e, depois, tentou levar vantagem na divisão de lote invadido

Silvia Frias e Dayene Paz | 01/02/2022 10:31
Cléber explica para o juiz Carlos Alberto Garcete como matou a vítima. (Foto: Reprodução)
Cléber explica para o juiz Carlos Alberto Garcete como matou a vítima. (Foto: Reprodução)

O pedreiro Cléber de Souza Carvalho disse que agiu em legítima defesa ao matar Roberto Geraldo Clariano, depois de discussão sobre a divisão de lote invadido, em 2018. O corpo da vítima, conhecida como “Cenoura”, só foi encontrado em 2020, quando a sequência de 7 homicídios foi descoberta.

Cléber está sendo interrogado no seu 1º julgamento por homicídio qualificado, realizado na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande.

O pedreiro contou que “Cenoura” era mascate [vendedor] conhecido do bairro onde morava e que bebiam “uma cervejinha juntos” no fim de semana. Segundo o réu, foi convidado a invadir terreno e, depois, ajudou a limpar a área, mas depois soube que o amigo havia vendido, sem consultá-lo.

“Não me falou nada, usou o dinheiro e não me deu um tostão, comecei a cobrar e continuou assim, minha família comprando as coisas dele”, disse, durante julgamento.

Depois disso, os amigos resolveram invadir outra área onde seria construída uma creche. “Um belo domingo, estava indo na casa da minha irmã, passei e vi pessoal invadindo; um policial disse que ia sobrar um pedaço lá pro fundo, eu estava sem dinheiro e conversei com o Roberto sobre o terreno”, disse.

Na conversa, ficou acertado que ele cederia metade da área invadida, mão de obra e aterro, desde que o mascate colaborasse com material. “Falei que nem precisava pagar aquele dinheiro que me devia”.

“Cenoura” aceitou o acordo e eles foram para os fundos da área, no carro da vítima. “Com a chibanca [tipo de picareta], a gente 'rancava’ o tronco e fomos mexendo”, disse.

Durante o trabalho, o pedreiro disse que faria varanda na área dele, mas o amigo rebateu e teria dito. “Ao lado da creche, quem vai ficar sou eu”. Cléber Carvalho não gostou, já que ele estava dando o terreno, invadido.

“Falei: ‘Você não vai me passar a perna como me passou da primeira vez’, continuei no meu lugar, ele falando asneira”. Logo depois, passou perto do carro do amigo, viu a foice e resolveu se antecipar. “Peguei a chibanca e acertei ele, foi legítima defesa”. Durante o depoimento, foi bastante questionado sobre como matou o amigo. Teve permissão para se levantar e demonstrou como agiu (vídeo).

Sobre a vítima, disse: "Ele era uma pessoa calma igual eu, que não sou violento”. Depois do interrogatório, a sessão foi suspensa para almoço e retorna por volta das 12h30.

O corpo da vítima foi enterrado no terreno que seria dividido entre amigos, em cova de pouco mais de um metro e meio de profundidade. O local foi indicado pelo réu durante as investigações da Polícia Civil.

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