Serial killer detalha como assassinou vítima e foi morar na casa dela
Cleber de Souza Carvalho, 44 anos, está preso desde maio do ano passado em Campo Grande
O homem que você assistiu no vídeo acima confessou, de uma vez, sete assassinatos cometidos no período de menos de dois anos em Campo Grande. Os detalhes relatados em tom de normalidade se referem à primeira vítima do "Pedreiro Assassino" que foi descoberta, há pouco mais de um ano.
Hoje, ele responde por quatro deles na Justiça e está a caminho de ser acusado formalmente pelos outros três.
É o serial killer com mais mortes sob sua responsabilidade já identificado em Campo Grande.
Detalhadamente, Cleber de Souza Carvalho, 44 anos, o “Pedreiro Assassino” falou só de um dos homicídios, justamente o primeiro descoberto, em 7 de maio de 2020.
Na gravação obtida pelo Campo Grande News, depois de ser anexada na semana passada a uma das ações penais, o criminoso fala tranquilamente da pancada mortal que deu na cabeça de José Leonel Ferreira dos Santos, comerciante de 61 anos achado enterrado no próprio quintal e do processo para tentar ocultar o corpo.
O depoimento foi em 2 de junho do ano passado, um mês após essa morte que levou à descoberta do serial killer. Já era tempo de pandemia e a cena começa com o interrogado pedindo para tirar a máscara, para falar melhor, e apresentando seus dados pessoais. Depois, ele confirma que quer responder as perguntas do delegado responsável pela investigação, Carlos Delano, da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios).
No trecho que abre o texto, Cleber diz que combinou com José Leonel de alugar parte do imóvel onde o comerciante morava, chegou a fazer mudanças, como fechar uma porta, mas de repente o locador desistiu delas.
Alegando que José Leonel tinha “acordo” com uma antiga dona de terrenos invadidos na região, o assassino disse ter chamado o interlocutor de “velho safado”, afirma que o outro se movimentou para pegar uma faca e, diante disso, deu uma pancada na cabeça dele com o cabo de uma “chibanca”, como também é chamada a ferramenta picareta. Um segundo golpe foi dado com a vítima já caída. "Dei outra nele", descreve o matador.
O interrogado ainda admite, sem demonstrar remorso, que deixou o corpo num cômodo da casa, voltou ao lugar no dia seguinte, terminou de ocultar o cadáver.
Contou ter tentado enganar as pessoas sobre o paradeiro da vítima, mentindo sobre uma viagem.
Além disso, o matador usou o telefone do comerciante morto para responder pelo menos 10 mensagens de pessoas que tentavam localizar o comerciante então desaparecido. Depois se desfez do aparelho.
Documentos do morto também foram destruídos no fogo.
"Aluguei uma casa" - Na sede da DEH, o serial killer também revelou ter chamado a mulher e a filha para morar na casa. Na versão dele, Roselaine Tavares, 44 anos, e Yasmin, 19 anos, não participaram do crime.
Mas foi a prisão de Roselaine que levou os policiais até o corpo enterrado. Yasmim, por sua vez, deu informações sobre os fatos aos investigadores. No andamento das acusações, ela acabou sendo considerada inimputável, por apresentar espécie de retardo mental. O processo dela está correndo em separado. A esposa de Cleber segue presa, em Corumbá, à espera de julgamento, assim como ele.
“Esses negócios” - Nesse depoimento ao qual o Campo Grande News teve acesso, apesar de o assunto ser a morte de José Leonel Ferreira dos Santos, Cleber diz claramente ter cometido sete assassinatos.
No finalzinho do depoimento, repete que a mulher e a filha não sabiam “desses negócios”. O delegado acentua: “Negócios?”. O interrogado acrescenta: “esses assassinatos que eu cometi”.
"Eu cometi sete", confessa o serial killer.
O depoimento se encerra. Dali para frente, nos outros interrogatórios, já com nova defesa, Cleber invoca o direito ao silêncio, garantido por lei.
Não há previsão de data para ele ir ao banco dos réus. Dois processos, referentes à morte de José Leonel e à de Timóteo Roman, 62 anos, jogado no poço da casa dele, estão prontos para marcação do júri. Outros dois casos, sobre José Jesus de Souza, 45 anos, e Claudionor Longo, 47 anos, já tiveram denúncia apresentada e acatada pela Justiça.
Falta, ainda, conclusão dos inquéritos das mortes de Flávio Pereira Cece, primo do matador, de 34 anos, de Hélio Taíra, 74 anos, e de Roberto Geraldo Clariano, assinados em circunstâncias parecidas.