Assassinato por dívida de R$ 3 mil leva "Pedreiro Assassino" a mais um júri
Cleber de Souza Carvalho será julgado pela morte de Timótio Ronan, uma das sete vítimas do serial killer
A Justiça em Campo Grande determinou que Cleber de Souza Carvalho, 44 anos, será levado a júri popular por mais um dos sete homicídios atribuídos a ele e que chocaram a cidade. O “Pedreiro Assassino” sentará no banco dos réus pela morte de Timótio Pontes Ronan, 62 anos, executado por não pagar dívida de R$ 3 mil.
A sentença de pronúncia foi dada no dia 16 de abril pelo juiz Carlos Alberto Garcete, em substituição legal na 2ª Vara do Tribunal do Júri, onde os processos contra Carvalho tramitam. O teor foi divulgado hoje (22), no Diário da Justiça.
O corpo de Ronan foi o último a ser encontrado no decorrer das investigações, no dia 16 de maio, duas semanas depois do assassinato, ocorrido na manhã de 2 de maio de 2020. A vítima foi encontrada dentro de poço, na rua Netuno, no bairro Planalto.
Segundo a denúncia, Ronan foi morto por não pagar dívida de R$ 3 mil. Ele havia pego emprestado o dinheiro com Carvalho no fim de 2017. Em abril do ano passado, os dois se encontraram e a vítima prometeu que quitaria a dívida. O acusado pediu que o homem, que também era pedreiro, fosse até a casa dele para executar alguns serviços.
No dia combinado, 2 de maio, Ronan foi até o imóvel e disse que não tinha dinheiro, mas poderia pagar com serviços. Irritado, Carvalho o golpeou na cabeça com cabo de picareta. Caído no chão, a vítima foi golpeada mais uma vez. O corpo dele foi arrastado e jogado no poço.
O MPMS (Ministério Público de MS) ofereceu denúncia por homicídio qualificado por motivo fútil e sem chance de defesa.
A defesa de Cléber de Carvalho tentou retirar as qualificadores, alegando que a vítima não foi pega de surpresa, pois o golpe veio depois de discussão acalorada entre os dois e de agressão frontal. Também disse que, apesar do motivo não justificar o crime, foi cometido sob forte emoção, já que Carvalho teria contraído dívida com agiota para emprestar ao amigo e estava pagando juros diários de R$ 450,00.
Em depoimento, Carvalho não negou os crimes e se justificou: “Perguntei do dinheiro, aí começou a discussão, eu perdi a cabeça, onde bati a vítima”. Sobre a ocultação do cadáver, respondeu: “eu não sei se estava vivo ou morto, só pensei que se ele acordasse me entregaria para a polícia”.
O juiz considerou que há elementos suficientes para que Carvalho seja levado a julgamento. A data ainda não foi definida.
Serial killer – Cleber de Souza Carvalho foi indiciado por sete homicídios.
Os casos foram descobertos a partir de investigações sobre o desaparecimento de José Leonel Ferreira dos Santos, de 61 anos, que foi morto por Cleber em conjunto com a esposa Roselaine Tavares Gonçalves, de 40 anos, e a filha Yasmin Natacha Souza de Carvalho, 19 anos. Depois do homicídio, a família se mudou para a casa da vítima.
A partir daí, a polícia começou a descobrir o rastro de corpos deixado por Carvalho: além de José Leonel e Timótio Ronan, também matou José Jesus de Souza, de 45 anos, Roberto Geraldo Clariano, de 50 anos, Hélio Taíra, 74 anos, Flávio Pereira Cece, 34 anos e Claudionor Longo Xavier, de 47 anos.
Na edição do Diário da Justiça de hoje também consta recurso negado pelo TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), que manteve a pronúncia, ou seja, a realização de júri popular, no caso da morte de José Leonel Ferreira dos Santos. Os outros casos ainda estão em andamento processual.