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Capital

“Sou umbandista”, diz vizinha acusada de intolerância religiosa por terreiro

Artesã, Thereza Saito afirma não ter nada contra religião, mas não suporta mais barulho

Anahi Zurutuza | 01/09/2023 18:05
“Sou umbandista”, diz vizinha acusada de intolerância religiosa por terreiro
Terreiro funciona no Leblon há cinco anos, ao lado da casa de artesã (Foto: Marcos Maluf)

Acusada por terreiro de umbanda, localizado no Jardim Leblon, no sul de Campo Grande, de intolerância religiosa, a artesã Thereza Saito, de 55 anos, nega que seja preconceituosa e não respeite a religião. Mais ainda, ela diz entender os preceitos e práticas, porque é umbandista. O que a vizinha do barracão não suporta mais é o barulho dos trabalhos, três vezes por semana.

“Sou filha de umbanda, frequento terreiros. O que me incomoda é esse barulho três vezes por semana. Eu tenho depressão e tomo remédio para dormir, mas fico estressada, angustiada e acabo varando a noite. Não consigo dormir. Isso três vezes por semana. Se fosse só uma vez, a gente dava um jeito”, afirma a artesã.

Mais cedo, em entrevista ao Campo Grande News, “Mãe Mari” afirmou que tem alvará para funcionar até as 22h e para comprovar que Thereza “é a única que se incomoda”, recolheu assinaturas dos demais vizinhos que afirmam não ter problemas com as atividades no local.

A mãe de santo afirmou ainda que as reclamações começaram em novembro do ano passado, embora o terreiro funcione há cinco anos no local, e que, agora, Thereza pressiona o dono do imóvel, onde também funciona a Associação Casa de Oração Caboclo Pena Branca, a expulsar o terreiro dali.

“Eu morei por 27 anos no Japão, viemos embora no ano passado. Claro que antes não havia reclamação, eu estava fora. Logo que cheguei, também quase não parava aqui, porque a gente tem uma chácara e tentávamos uma produção de orgânicos, mas tive de vir, porque preciso trabalhar”, rebate a vizinha.

Thereza admite ter registrado boletim de ocorrência por perturbação do sossego e tomado outras atitudes, como reclamar para o dono do imóvel ao lado, que mora em São Paulo, em momentos de estresse, mas diz só querer paz.

Numa das mensagens mostradas à reportagem, a vizinha diz ao proprietário do imóvel, durante um dia de atividades, que a porta “do inferno” havia sido aberta novamente. Numa outra vez, disse que a vizinhança tinha medo de reclamar, “porque tem medo deles jogarem macumba”, mas ao Campo Grande News, nesta tarde, a artesã justifica que se referia ao “barulho dos infernos”.

Segundo a vizinha, só depois do registro da ocorrência, as celebrações passaram a terminar às 22h. Antes disso, iam até altas horas. Para provar o que passa, gravou áudio:

A artesã conta ainda que a casa no Jardim Leblon está há 30 anos na família e que irmão, logo que o terreiro se mudou para o local, chegou a dizer que procuraria o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para fazer denúncia porque cuidava de homem acamado, mas não concretizou a ideia. “Meu outro irmão tinha um câncer cerebral e ficava muito perturbado”.

Thereza diz que não reclamaria se os trabalhos fossem menos frequentes. Passaria as noites no sítio com o marido, de 72 anos, mas precisa estar durante a semana na cidade, porque a família está tentando se reerguer após decidir deixar o país oriental.

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