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Capital

Temendo perder clientes para Uber, mototaxistas lançam aplicativo próprio

Anahi Zurutuza e Adriano Fernandes | 30/08/2016 17:05
Aplicativo já foi desenvolvido, mas ainda precisa de ajustes para ser disponibilizado (Foto: Fernando Antunes)
Aplicativo já foi desenvolvido, mas ainda precisa de ajustes para ser disponibilizado (Foto: Fernando Antunes)

A concorrência não será direta, mas os mototaxistas temem perder clientes com a chegada da empresa Uber em Campo Grande. O sindicato que representa os 700 trabalhadores empregados no transporte de passageiros sobre duas rodas já se prepara para que o impacto não seja tão grande. Assim como uma das cooperativas de taxistas da Capital, a categoria também vai receber chamadas e aceitar corridas por um aplicativo para celular.

O sistema para smartphones está quase pronto, segundo a tesoureira do Sindicato dos Mototaxistas de Campo Grande, Idelucia Boaventura, na profissão há 18 anos, uma das pioneiras na Capital. Mas, já é possível utilizar o aplicativo.

“A gente precisa sempre buscar melhorar o atendimento, dar mais conforto e segurança para o cliente. É um programinha bem fácil de usar e reúne tudo isso. Já estávamos desenvolvendo antes da notícia de que a Uber viria para a Capital, mas já sabíamos que um dia isso ia acontecer”, resumiu.

Além de ser uma forma de se antecipar à vinda da Uber para a cidade, Idelúcia explica que os mototaxistas nunca tiveram uma central de atendimento e que o aplicativo foi pensado para ser uma forma de centralizar os chamados, para não deixar “na mão” os clientes que às vezes não conseguem contato ou encontrar os profissionais nos pontos por exemplo.

Como as corridas ficarão registradas no sistema, os usuários se sentirão mais seguros para pedir uma moto e os mototaxistas para aceitar passageiros em diversos endereços.

* texto editado às 10h30 de 01/09 para correção de informação

Em dias de chuva e frio, clientes podem optar pelo Uber (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
Em dias de chuva e frio, clientes podem optar pelo Uber (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

Concorrência – Embora os clientes da Uber, geralmente, sejam pessoas que usam mais os táxis, porque estão com bagagem ou preferem ter mais conforto, o sindicato acredita que a concorrência com os motoristas do aplicativo pode ser desleal.

“Não sabemos todos os detalhes sobre eles, mas a gente sabe que cobram mais barato que os táxis. Pode ser que percamos uma parcela dos nossos clientes. A princípio não vejo benefícios”, afirma Idelucia.

Preço – A Uber ainda não divulgou qual o preço será cobrado pelos motoristas do aplicativo na Capital, até porque, conforme a assessoria de imprensa, a presença de equipe da empresa na cidade para buscar interessados em fazer parte da plataforma “não significa a entrada imediata da Uber em Campo Grande”.

No entanto, nas reuniões realizadas no Hotel Deville, a empresa informou aos participantes que o preço da corrida fica até 35% menor que o cobrado pelos táxis.

Contudo, o serviço de mototáxi deve ficar mais caro em breve. Em abril, o sindicato pediu a aprovação da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos e Delegados) de nova tabela para a cobrança. “Calculamos os custos com pneu, aumento da gasolina e manutenção das motos e chegamos a conclusão que os valores que cobramos estão muito defasados. Mas, ainda precisamos de autorização da Agereg. Fizemos o primeiro pedido em abril, não tivemos resposta e ontem (30) eu protocolei de novo”, explicou Idelucia.

A bandeirada (valor inicial da corrida) continuará em R$ 2,50, mas a categoria pleiteia reajuste do valor km rodado de R$ 1 para R$ 1,25 e também da hora parada – quando o cliente pede que o motaxista o espere em algum ponto para depois continuar o trajeto – de R$ 14 para R$ 16.

Outro sistema que passará a ser usado para modernizar o serviço de mototáxi local, é o motaxímetro. “Já começamos a testar os aparelhos. Até 20 de setembro, a gente acredita que comecemos a usar. Será uma forma de padronizar a cobrança”, enfatizou a tesoureira.

Mas, mototaxistas acreditam que ainda têm um diferencial: a agilidade (Foto: Adriano Fernandes)
Mas, mototaxistas acreditam que ainda têm um diferencial: a agilidade (Foto: Adriano Fernandes)

Será? – Há também quem nem conheça os serviços da Uber e não acredita que perderá clientes para os motoristas do aplicativo. A reportagem falou com vários mototaxistas na região central na tarde desta terça-feira (30) e alguns deles não sabiam o que era a plataforma.

“Vai começar a preocupar se criarem Ubermoto”, afirmou Jair da Silva Costa, 38, mototaxista já cinco anos. Ele afirma que o diferencial do transporte sobre duas rodas é a agilidade e esta vantagem nunca será superada.

Itamar Raimundo de Moura, 31, mototaxista há oito anos também não acredita em grande impacto para os profissionais da área. “Tem espaço para todo mundo”, opinou.

Na Capital, atuam hoje 450 mototaxistas e mais ao menos 250 auxiliares. O Sindmotaxi estima que, em média, cada profissional faça oito corridas em seu turno de trabalho – cerca de 5,6 mil transportes de passageiros com motocicletas são feitos por dia na cidade, portanto.

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