ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, SEGUNDA  23    CAMPO GRANDE 26º

Capital

Teto de gastos impede reajuste da enfermagem, diz secretário ao prestar contas

Enfermeiros entraram em greve pedindo pagamento da insalubridade e implementação do piso salarial da categoria

Gabrielle Tavares | 27/02/2023 17:29
Secretário de Saúde, Sandro Benites, na Câmara Municipal. (Foto: Gabrielle Tavares)
Secretário de Saúde, Sandro Benites, na Câmara Municipal. (Foto: Gabrielle Tavares)

Secretário municipal de Saúde, Sandro Benites declarou na tarde desta segunda-feira (27) que está aberto ao diálogo com sindicatos e com o Governo do Estado para acabar com a greve em Campo Grande. No entanto, voltou a afirmar que o município precisa cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, que impede a Prefeitura de extrapolar os gastos previstos pela legislação e pagar o que a categoria está reivindicando.

O discurso foi o mesmo usado quando os professores da Reme (Rede Municipal de Educação) também entraram em greve no fim do ano passado, que o reajuste solicitado ia ultrapassar o teto de gastos. Depois de quase dois meses de longas discussões, a prefeita Adriane Lopes (Patriotas) resolveu cumprir com o reajuste de 10,39%, que será pago em duas parcelas: 4% em fevereiro e outros 6,39% em junho.

A declaração foi dada durante a prestação de contas da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) do 3º quadrimestre de 2022. Na ocasião, Sandro se recusou a dar entrevistas.

O presidente da Comissão de Saúde, Vitor Rocha, disse que a Câmara vai participar das discussões para que a greve seja encerrada o mais breve possível.

"A gente está aqui para fiscalizar o Executivo e procurar alternativas para que a população não fique desassistida. Toda vez que tem uma greve o Executivo precisa que ver se tem fundamento legal, mas a gente depende de um diálogo entre o sindicato e os trabalhadores, e o Legislativo vai estar presente para cuidar da população, que é nossa maior preocupação", ressaltou.

O Sinte (Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem de Campo Grande) decidiu entrar em greve para que a prefeitura cumpra reivindicações já prometidas e com prazo legal vencido, como pagamento de insalubridade e a implementação do piso salarial, além de reclamações de desgaste e desvalorização dos profissionais.

A Prefeitura de Campo Grande acionou nesta segunda a Justiça contra trabalhadores de enfermagem que estão em greve desde a semana passada. Ação declaratória de ilegalidade de greve com pedido de tutela de urgência foi impetada e pede o interrompimento imediato da paralisação.

Gastos - Prestação de contas referentes ao exercício de 2022 da Prefeitura de Campo Grande na semana passada mostrou que gastos com pessoal é a principal despesa da prefeitura, chegando a quase 60% da receita líquida. Os valores brutos totalizam R$ 3.204.203.323,20, sendo os gastos com pessoal ativo de R$ 2,6 bilhões e os inativos somam R$ 526,5 milhões. Terceirizações correspondem a R$ 58,2 milhões.

Profissionais da radiologia protestaram na Câmara Municipal. (Foto: Gabrielle Tavares)
Profissionais da radiologia protestaram na Câmara Municipal. (Foto: Gabrielle Tavares)

Mais reclamações - Nesta segunda, profissionais da radiologia também resolveram mostrar revolta contra falta de pagamento. Com cartazes, os trabalhadores mostraram que têm direito à insalubridade, porque estão expostos à radiação ionizante e riscos ergonômicos.

"Estamos aqui para mostrar nossa indignação, porque não recebemos nossa insalubridade. É um direito constitucional e a prefeitura não vem cumprindo com o dever que ela tem. Ela (Adriane Lopes) nega a nos pagar insalubridade (de 40%) e também a implementação do plano de cargas de planos e carreiras ao salário, que já foi votado na Câmara ano passado e até agora não implantou", disse o técnico em radiologia Valdir Aparecido de Souza.

Hospital do Câncer - Sandro Benites também disse que as negociações com o Governo do Estado e Hospital do Câncer já começaram para que os pacientes voltem a ser atendidos normalmente.

A unidade não está recebendo novos pacientes desde quarta-feira passada (22), apenas serviços de urgência e emergência e os tratamentos nos setores de quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia já em andamento.

O diretor do hospital, Amilcar Silva Júnior, compareceu à Casa de Leis e ressaltou que a unidade é filantrópica e não tem dinheiro para arcar com novos exames. Também relatou que enviou os números para a Prefeitura, Governo do Estado e Ministério Público, e que esse problema acontece desde a pandemia da covid-19.

"O hospital também sofreu com a questão da medicação, que subiu muito na pandemia, foram 133% de aumento e o hospital custeou. De 2019 pra cá, a medicação está 50% mais cara e o hospital não tem condições pra arcar. O hospital é filantrópico, não tem fins lucrativos e não tem de onde arrumar dinheiro se não for pelo SUS (Sistema Único de Saúde), hoje 99% dos pacientes são do SUS", comentou.

Nos siga no Google Notícias