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Torturados foram obrigados a fazer roleta-russa: "Não morremos por sorte"

Vítimas teriam furtado casa de um dos envolvidos, então, foram levadas para cativeiro e torturadas

Dayene Paz | 24/02/2022 11:37
Objetos usados na tortura apreendidos com grupo. (Foto: Divulgação / BPM Choque) 
Objetos usados na tortura apreendidos com grupo. (Foto: Divulgação / BPM Choque)

Torturados por sete homens durante a madrugada desta quarta-feira (23), duas vítimas do "tribunal do crime", relataram à polícia que não morreram por sorte. Eles foram obrigados a fazer roleta-russa um no outro com uma arma de fogo do grupo. E a sorte foi grande mesmo, porque policiais do Batalhão de Choque chegaram ao local antes do "juiz do crime" desse o aval para a execução das vítimas.

Tudo começou depois das vítimas de tortura cometerem um furto na residência de um dos suspeitos. No dia 19 de fevereiro, confessaram que entraram na casa de Felipe da Penha Davalos, de 27 anos, na favela da Homex, no Jardim Centro Oeste, em Campo Grande, e levaram vários itens, que foram vendidos para compra de droga.

Já na tarde do dia 22, foram abordados por Wellynton Luiz da Silva Sanchez e Romário Bezerra Lopes, ambos de 21 anos. Os suspeitos queriam os pertences de volta. As vítimas então foram colocadas em um veículo HB20 e conseguiram recuperar alguns deles.

Depois, foram levadas até um imóvel na favela, onde começou a tortura para dizerem onde estavam os outros pertences furtados. Romário começou a fazer roleta-russa, um jogo de azar em que se coloca uma bala no revólver, gira o tambor e atira. Em determinado momento, Romário deu o revólver na mão das vítimas, que foram obrigadas a disparar contra a cabeça uma da outra.

A todo momento, de acordo com as vítimas, o grupo ficava em ligação com presidiários esperando o aval do "juiz do crime" para matá-las. No entanto, o Batalhão de Choque chegou a tempo de impedir.

Ao chegar na frente do local indicado, os policiais encontraram Geovane Silva de Jesus, de 24 anos, armado com uma faca, sentado e fazendo vigia. Ouviram também gemidos e gritos vindos de dentro do imóvel, então entraram. No local, os militares flagraram seis homens espancando as duas vítimas, que estavam sentadas e amarradas com as próprias camisetas. Uma delas teve o cabelo cortado.

Os suspeitos estavam armados com instrumentos variados, com machadinha, machado, faca, ripa de madeira e arma de fogo. Foram presos: Wellynton, Romário, Geovane, Filipe Lima dos Santos, de 23 anos, Douglas de Arantes do Nascimento, 24, Pedro Henrique de Almeida Guimarães, 21, e Felipe da Penha Davalos.

Para a polícia, os sete presos negaram que estavam agredindo as vítimas, afirmando que os populares sabiam que cometiam pequenos furtos e apenas estavam pressionando para que dissessem onde estavam os pertences furtados da casa de Felipe.

Geovane tem passagens criminais por tráfico de drogas, roubo, porte de arma, lesão corporal e furto; Romário por receptação, tráfico de drogas e tentativa de homicídio; Douglas tem passagens por roubo e receptação.

Os sete presos tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça nesta quinta-feira (24).

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