TRF nega liberdade a chefe de quadrilha que levava drogas em aviões
Defesa de acusado questionava a vericidade de provas adquiridas com a quebra do sigilo telefônico de Gerson Palermo
O desembargador federal Mauricio Kato do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) negou um pedido de liberdade feito pela defesa do piloto Gerson Palermo, preso em 2017 na operação ‘All In’, da Polícia Federal, acusado de chefiar uma quadrilha com patrimônio milionário, adquirido com o tráfico de cocaína em aeronaves, pela fronteira de Mato Grosso do Sul.
No recurso a decisão de primeira instância da 3ª Vara Federal de Campo Grande que manteve Palermo na prisão, o advogado Rodney do Nascimento pedia a nulidade de provas produzidas durante a investigação, relacionadas à quebra de sigilo telefônico do acusado.
O argumento era de que a interceptação telefônica teria se dado de forma fraudulenta, sem a autorização judicial e que em algumas das conversas sequer teriam diálogos de Gerson Palermo.
A defesa ainda apontava supostos relatos de que ex-servidor lotado no Juízo Federal da 3ª Vara em Campo Grande teria informado irregularidades relacionadas à captação de provas ilícitas, a fim de comprometer Palermo. Contudo, a defesa pedia não só a soltura como a realização de mais diligências para que fossem levantadas novas provas que pudessem favorecer o cliente.
No entanto e com base nos autos do processo, o desembargador entendeu que não houve irregularidades quanto ao levantamento das provas, seja durante as diligências ou por meio da quebra do sigilo telefônico.
“Tal assertiva, não acompanhada de dados e elementos concretos, não tem o condão de, por si só, macular os elementos produzidos em sede investigativa, tampouco justifica sua oitiva pelo Juízo sentenciante", pontuou o desembargador, na decisão da última terça-feira (12). Palermo segue detido no presídio Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima, no Complexo Penal de Campo Grande.
Operação – Palermo foi preso durante a Operação All In da PF, que cumpriu 50 mandados judiciais, sendo 18 ordem de prisão cautelar, 25 mandados de busca e apreensão e sete mandados de condução coercitiva em 14 cidades.
Segundo a PF, é ele quem movimentava o patrimônio de R$ 7,5 milhões apreendido na operação em Corumbá (a 419km de Campo Grande), onde funciona a sede das operações. O dinheiro foi obtido, principalmente pelo tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro em Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais.
O esquema da quadrilha envolvia a revenda de drogas de Corumbá para Campo Grande; Curitiba, Londrina, Campina da Lagoa e Ibiporã (PR); Sorriso (MT); Goiânia (GO); Ribeirão Preto (SP) e Monte Carmelo (MG). A droga chegava ao Brasil por aeronaves e, posteriormente, era distribuída na região Sudeste por via terrestre.
Antes da prisão durante a operação da PF ele já havia sido detido por organizar e executar o sequestro de um avião que fazia a rota Foz do Iguaçu (PR) e São Luís (MA), em 2000, e liderou o PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul.