Trio queria R$ 50 mil e preso aponta onde escondeu bens roubados de pecuarista
Terceiro envolvido em morte foi preso ontem em Dourados e confessou que asfixiou pecuarista
Ao confessar ter matado a pecuarista Andreia Aquino Flores, de 38 anos, Pedro Benhur Ciardulo, de 21, preso nesta segunda-feira (1), afirmou que o objetivo era arrancar R$ 50 mil da vítima. Benhur apontou para a polícia onde escondeu uma caixa de som e um notebook, bens que roubou da casa. A pecuarista foi assassinada na última quinta-feira (27), no condomínio onde morava, em Campo Grande.
Benhur foi preso em Dourados e é cunhado de Lucimara Rosa Neves, de 43 anos, governanta da casa de Andreia e que, junto com a filha Jéssica Neves Antunes, de 24 anos, confessou ter tramado o assalto que acabou provocando a morte de Andreia. As duas mulheres foram presas no mesmo dia do crime, mas Pedro estava foragido.
Ao delegado Francis Flávio Freire, Benhur disse que inicialmente ele e as empregadas de Andreia tentaram constranger a vítima na tentativa de forçar ela fazer um PIX. "Uma hora falou em R$ 20 mil, outras vezes R$ 50 mil e R$ 80 mil. Fala cada hora uma coisa", disse Francis.
Pedro diz que asfixiou a vítima e acreditou que ela estivesse apenas desmaiada, até se dar conta que não apresentava mais sinais vitais. Contudo, a principal linha de investigação da Polícia Civil é de que o crime tenha sido premeditado.
Quando preso, Pedro tinha um ferimento no polegar da mão direita, uma marca de mordida de Andreia ao se defender da asfixia. Ele deve passar por exame de corpo de delito, conforme o delegado.
"Susto" – Para a polícia, Lucimara aponta que a irmã de Andreia teria mandado "dar um susto" na vítima. Por enquanto, a Polícia Civil não encontrou nada que demonstre a participação da irmã no crime. Por outro lado, o delegado Francis afirma que não descarta o envolvimento de outras pessoas no latrocínio.
Benhur foi preso por força de mandado de prisão preventiva e deve passar por audiência de custódia.
O plano – A ideia de simular o roubo surgiu há 15 dias, alega Lucimara, quando a irmã de Andreia lhe propôs pagamento de R$ 50 mil para que convencesse a patroa a assinar um documento, “usando os meios que quisesse”. As irmãs tinham uma briga relacionada a cabeças de gado.
Segundo a governanta, a irmã da patroa, contudo, não sabia detalhes do plano. A intenção, alega Lucimara, era lucrar algum dinheiro com o assalto e depois, fazer Andreia acreditar que a irmã havia enviado o criminoso como uma ameaça de morte.
Cronologia – Lucimara conta que chegou à casa da patroa, em condomínio luxuoso por volta das 6h40. Narrou à polícia que encontrou Andreia ainda acordada, fazendo uso de bebidas alcoólicas. Jéssica afirma que chegou às 7h. As duas trabalharam normalmente.
Ela disse que limpou a casa, recolheu garrafas de bebida, lavou a calçada, passou roupas e depois disso, chamou sua filha Jessica para ir às compras, em atacadista na Rua Marquês de Lavradio. A nota fiscal do supermercado mostra que as duas terminaram de passar os produtos no caixa, às 10h16. Pelos itens, as empregadas desembolsaram R$ 786,69 pagos no cartão de uma delas depois que a patroa havia feito Pix de R$ 1 mil.
Conforme o plano, foi no estacionamento que Pedro se juntou às duas. Do mercado, o trio passou em loja de utilidades, na Avenida Ministro José Arinos, para comprar a arma de brinquedo que seria usada na encenação. Depois, passaram em um posto de combustíveis para comprar cigarros e seguiram para o condomínio.
Na casa de Andreia, segundo as duas depoentes, primeiro entraram Pedro e Jéssica, fingindo estar refém. Ainda de acordo com os depoimentos, a vítima resistiu à investida do assaltante para amordaçá-la. Ela se debatia e ele apertava um pano contra o rosto dela, até que Andreia desfaleceu.
Só depois, o corpo de Andreia foi levado para o andar de cima da casa. Lucimara relatou que jogou água na tentativa de acordar a patroa, mas foi em vão. Ela levou o assassino até a casa dele, no Tiradentes, voltou para a residência da patroa e junto com a filha, pediu ajuda a um vizinho.