Um dia após operação, haitianos continuam chegando a MS para cruzar fronteira
Na manhã desta quarta-feira (1º), cerca de 45 haitianos desembarcavam no aeroporto de Campo Grande
Mesmo depois de operação deflagrada ontem (31), pela Polícia Federal para combater crimes de migração ilegal praticados por "coiotes", famílias inteiras de haitianos continuam desembarcando no Aeroporto Internacional de Campo Grande. Na sequência, o grupo segue de ônibus até Corumbá e, de lá, atravessa para Bolívia almejando uma vida melhor em países como Chile, México e Estados Unidos.
Na cidade Corumbaense, os haitianos são explorados por despachantes de viagens e empresários do ramo. Eles cobram fortunas para facilitar a migração com esquemas de travessia pelo trecho conhecido como “Trilha do Gaúcho”, na divisa do Brasil com a Bolívia. Durante a operação, foram apreendidos R$ 3.342 e 1.165 dólares (cerca de R$ 6 mil). Após atravessar para o país boliviano, os haitianos seguem até Pailón e Santa Cruz de La Sierra, onde permanecem em um ginásio que abriga estrangeiros.
Na manhã desta quarta-feira (1º), pelo menos 45 haitianos foram flagrados desembarcando com malas no Aeroporto Internacional de Campo Grande. Muitos em grupos, com famílias e crianças são recepcionados por funcionários da Rodar Locação e Turismo, empresa credenciada para levar os passageiros até o Terminal Rodoviário de Campo Grande, segundo informado pelo motorista do ônibus.
A maioria dos haitianos tem dificuldade de entender e falar o português. Quem compreende o idioma, evita dar entrevista e justifica a viagem dizendo que vai passar “férias” na Bolívia. Eles chegam assustados e falam muito pouco. A reportagem tentou falar com a empresa Rodar, mas não conseguiu contato.
Operação - Deflagrada nesta terça-feira, em Corumbá, a Operação FO M’ALE apreendeu mais de R$ 9 mil e quatro homens foram levados à Delegacia da PF (Polícia Federal). Entre os valores apreendidos, estão R$ 3.342 e 1.165 dólares (cerca de R$ 6 mil). Durante a operação, um brasileiro, de 30 anos, que foi apontado como “coiote” e outros três haitianos foram detidos com celulares e documentos.
A fase de apuração da investigação, que durou meses, flagrou a saída de cerca de 150 haitianos diariamente pela trilha. O nome da operação remete à expressão do idioma Creole, falado no Haiti, que significa “preciso ir embora”.
Na semana passada, o governo boliviano publicou decreto, que autoriza, excepcionalmente, a regularização migratória de estrangeiros que estejam em território nacional em situação irregular. A medida beneficia, entre outros, haitianos e venezuelanos.
Em julho, reportagem do Campo Grande News mostrou a chegada dos haitianos a Campo Grande, que cruzam Mato Grosso do Sul, em busca do “sonho americano”. Na ocasião, um dos entrevistados pela equipe, Jean Fritzer Gilsait, 36 anos, disse que estava no Brasil há 8 anos e tinha intenção de chegar aos Estados Unidos. “Miami tem trabalho. Lá é mais fácil para o haitiano".