Uniforme ‘made in Brazil’ custou para a prefeitura o dobro do valor de 2016
Prefeitura gastou a média de R$ 79 por aluno, investimento total de R$ 7,8 milhões; no ano passado, uniformes custaram R$ 3,8 milhões
A Prefeitura de Campo Grande gastou neste ano R$ 7,8 milhões na compra dos uniformes para alunos da Reme (Rede Municipal de Ensino), média de R$ 79 por estudante e o dobro do que foi investido no ano passado. A diferença é que desta vez, parte dos estudantes receberá peças para usarem no inverno.
Os uniformes deste ano são “made in Brazil”, também diferente das roupas entregues no ano passado, que eram fabricadas no Paraguai e geraram polêmica.
Conforme a Semed (Secretaria Municipal de Educação), os alunos do berçário ao 1º ano do ensino fundamental vão receber calça, jaqueta, bermuda, camisetas de manga curta e manga longa, tênis e meia. Para os estudantes do 2º ano em diante, serão entregues apenas camisetas.
A primeira remessa de uniformes chegou à Capital nesta sexta-feira (24) e começa a ser entregue na segunda-feira (27), primeiro para os alunos dos Ceinfs (Centros de Educação Infantil).
Custo – A secretaria não informou quando custou cada item, mas como são 98,6 mil alunos que vão receber os novos uniformes, dá para calcular que o gasto médio foi de R$ 79 por criança. A Semed também não informou se entregará ao menos camisetas para os estudantes matriculados no EJA (Ensino de Jovens e Adultos).
No ano passado, a prefeitura gastou metade do valor investido neste ano com os uniformes. Foram gastos R$ 3,8 milhões na compra das camisetas, bermudas e calçados.
‘Made in Brasil’ – Depois que a Justiça a aquisição das roupas para os alunos da Reme foi viabilizada por meio de adesão a uma licitação feita pela Prefeitura de Embu das Artes (SP). A fornecedora contratada pela administração da cidade do interior de São Paulo e, portanto, fabricante dos uniformes que serão distribuídos na Capital, é a Reverson Ferraz da Silva – ME, empresa de Cerquilho (SP).
Ao acompanhar a chegada da primeira remessa de camisetas e bermudas, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) fez questão de ressaltar que os uniformes são “made in Brasil”. “Após um grande esforço, estamos entregando os uniformes 31 dias depois do início das aulas. Tudo produzido em indústria brasileira”, declarou.
No ano passado, durante a gestão de Alcides Bernal (PP), o uniforme escolar começou a ser distribuído em junho e foi fornecido pelas empresas Nilcatex Têxtil e Odilara Frassão Calçados Eireli.
Pais questionaram a qualidade dos uniformes, principalmente das bermudas, que eram de tactel. Levantaram também a suspeita de superfaturamento uma vez que os calções foram fabricadas no Paraguai, onde roupas custam bem mais barato, e revendidas para a prefeitura por empresas brasileiras.
Em 2015, a empresa Nilcatex também forneceu uniformes para a administração municipal, recebendo R$ 16 milhões em quatro anos. Há dois anos, foram distribuídas 240 mil camisetas, 120 mil bermudas, 120 mil pares de meias e 60 mil tênis aos alunos.