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Capital

“Virei o rosto e sai atirando”, diz assassina em audiência sobre caso Karolzinha

Jovem também negou intenção de matar e revelou ameaças de morte; "quando ela gritou ‘pera’ eu assustei

Liniker Ribeiro e Geisy Garnes | 16/06/2021 18:22
Nayara Francine Nóbrega, assassina de Karolzinha, chegando à delegacia, três dias após o crime (Foto: arquivo / Henrique Kawaminami)
Nayara Francine Nóbrega, assassina de Karolzinha, chegando à delegacia, três dias após o crime (Foto: arquivo / Henrique Kawaminami)

Em depoimento, na tarde desta quarta-feira (16), Nayara Francine Nóbrega, assassina da jovem Carolina Leandro Souto, mais conhecida como Karolzinha, apresentou novos detalhes à sua versão do crime, ocorrido em agosto de 2020. Ao juiz Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, a jovem afirmou ter atirado contra a vítima por medo de ser morta. O depoimento foi registrado na segunda audiência sobre o caso, que também ouviu a amiga da vítima, jovem, de 18 anos, que presenciou o crime.

Segundo Nayara, no dia do crime, Carol estava acompanhada de uma amiga e, após tentativa de diálogo, a vítima teria se levantando após o que teria sido uma ameaça. Com medo de ter ido buscar uma arma, Nayara sacou o revólver, calibre 32, e disparou contra Karolzinha.

“Quando ela gritou ‘pera’ eu assustei, fiquei sem reação, com medo, aí eu disparei”, revelou. Após a vítima dar cerca de quatro passos, a autora reagiu. “Virei o rosto e sai atirando”.

Questionada pelo juiz sobre o motivo de não ter revelado esta versão, na delegacia, Nayara afirmou que estava nervosa, mas depois pensou sobre o assunto e lembrou de detalhes.

Nayara também disse ter jogado a arma usada no crime em córrego, enrolada em camiseta. “Eu não queria ter feito isso, fiz por medo porque ela poderia fazer algo comigo”. Nunca tinha pegado em uma arma. Fiz no desespero”, argumentou ao citar que só pensava nas filha e no medo de algo acontecer com elas.

Carolina Leandro Souto, a "Karolzinha" morreu aos 23 anos (Foto: Reprodução/Facebook)
Carolina Leandro Souto, a "Karolzinha" morreu aos 23 anos (Foto: Reprodução/Facebook)

Motivos – Sobre ter ido tirar satisfação com a vítima, Nayara, que já respondeu por lesão corporal, argumentou que todos os dias que passava em frente à casa de Karolzinha era provocada por ela e por amigas da vítima.

Os xingamentos diários, segundo a assassina, chegaram ao Facebook, mesmo a vítima não citando o nome de Nayara. “Eu acreditava que era para mim”.

Um dia antes do crime, Nayara passou o dia em campinho perto da casa da vítima, com as filhas. A jovem relata leve desconforto envolvendo olhares e risadas por parte da vítima e também ter ficado com medo após ver Karolzinha dar “tiros para o alto”, olhando para ela. Durante a noite, um homem conhecido no bairro foi até Nayara e pediu para que ele ficasse em casa, revelando possível ameaça por parte da vítima.

No dia seguinte, ao sair com uma amiga em direção à casa da mãe, Nayara encontrou Carol no caminho. Segundo ela, foi neste momento que as duas tentaram “conversar”. A jovem conta ter questionado Carol, que respondeu dizendo que “não pararia” e ainda fez ameaças de morte. “Falou que era mulher suficiente para dar tiro na minha casa”, afirmou.

Testemunha – Após “sumir” de audiência e ser multada pela Justiça, a jovem Eduarda dos Santos, de 18 anos, amiga que estava com Karolzinha no dia do crime, também foi ouvida, nesta quarta, conduzida coercitivamente.

Ela contou que a Nayara “desceu” para falar com a Carol, mas a conversa não deu certo e confirmou que as duas se desentenderam no dia anterior, em uma festa. O motivo, segundo ela, seria porque a Nayara passou no meio da roda em que Carol estava. Em “resposta” a vítima teria arremessado um gelo na “inimiga”.

No dia seguinte, “desceu” para falar com a Carol. Conversaram brevemente. Questionada pelo promotor, a testemunha relatou que Nayara acusou Carol de ameaçá-la, a resposta foi apenas uma: “sou mulher”.

Nayara já estava com arma em punho, conforme a jovem, e ao ouvir isso, ela disparou. A testemunha afirma ter corrido para fugir dos tiros e só voltou a se aproximar da amiga, quando a autora foi embora.

A jovem não soube falar o real motivo do crime, por “ter uma amizade recente” com a vítima. Ela ainda contou que Carol deu um disparo para o alto no final da festa no dia anterior, mas que não viu a Nayara neste momento.

“Ninguém correu?”, perguntou o advogado Paulo Miguel. “Não. Foi normal”, relatou Eduarda. A arma, segundo ela, era de amigos da Carol. Ela devolveu a arma para o dono logo em seguida.

Mais de uma vez a jovem reforçou que viu Nayara se aproximar, tirar a arma da mochila e se aproximar mais. As duas, ela e a vítima, permaneceram sentadas. Sem esboçar reação.

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