Vítimas de fraudes bancárias vão a mutirão em busca do dinheiro perdido

A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul realiza, neste sábado (15), o primeiro mutirão para atender pessoas que sofreram algum tipo de golpe financeiro. Ao todo, 52 pessoas que já haviam feito agendamento pelo site do órgão foram direcionadas para o atendimento especializado nas demandas provenientes de fraudes bancárias.

De acordo com Carlos Eduardo Oliveira de Souza, coordenador do Núcleo de Defesa do Consumidor, pessoas que já haviam agendado através do site da Defensoria passaram por uma triagem e foram convocadas este sábado. “Nós temos a nossa plataforma on-line e nós recebemos muitas solicitações de atendimento. Detectamos um aumento nesses casos de fraudes bancárias, questões de empréstimo consignado não reconhecido, boletos falsos e PIX. Então, resolvemos fazer uma análise mais detalhada e elaboramos esse mutirão de atendimento”, explicou o defensor público.

Ainda de acordo com o coordenador, a maioria das vítimas é idosa e a Defensoria vai analisar caso a caso em busca de uma solução, além de fazer uma análise coletiva para criar um método de prevenção.

“Os idosos são as maiores vítimas até mesmo pela própria vulnerabilidade da questão digital, por não terem muita familiaridade. Então, nós estamos identificando todos esses casos, vamos coletar toda essa documentação, tratar os casos de maneira individual, mas também fazer uma análise de qual ação coletiva que pode ser tomada em favor desses consumidores”, explicou Carlos.

A aposentada Laura Teixeira, de 74 anos, procurou a Defensoria após verificar no extrato bancário três empréstimos que não foram solicitados por ela. “Puxei o extrato e vi que eu não fiz esses empréstimos. De pouco em pouco, eu fico sem nada na minha aposentadoria”, relatou Laura.

Nos documentos que a aposentada precisa apresentar no atendimento constam três empréstimos com 84 parcelas de R$ 41,96 cada e outro empréstimo de R$ 120,39, juntos somam mais de R$ 17 mil. Do valor parcelado, Laura já pagou 24 prestações.

Essa não foi a primeira vez que Laura teve empréstimos indevidos em sua aposentadoria. A idosa conta que há cinco anos contratou uma advogada e conseguiu receber o dinheiro que havia pagado em prestações. “Tive outro empréstimo que não era meu pelo BMG. Entrei com advogada e consegui receber o valor que já tinha pagado. Dessa vez, não consegui pagar advogada”, afirmou Laura.

Quem também procurou a Defensoria Pública foi a pensionista Lúcia Lemes Lima, de 72 anos, acompanhada da filha Rosa Lemes Lima, 48 anos, para tentar recuperar dinheiro perdido para um inquilino, em março deste ano.

De acordo com a idosa, o rapaz se ofereceu para ajudá-la a fazer transações bancárias, pois sua filha não poderia acompanhá-la. “Meu marido faleceu em outubro, aí em março precisei trocar a senha do banco e ele me acompanhou. Depois ele me pediu a senha de número e letra alegando que o banco estava solicitando, eu passei e ele fez dois PIX e dois empréstimos no meu nome”, explicou Lúcia.

Segundo a filha, os desfalques bancários só foram descobertos no mês passado, quando Rosa pediu um dinheiro emprestado para mãe e as duas foram até a agência para sacar. “Chegando lá fomos informadas que tinha sido feito dois PIX e que não tinha mais dinheiro na conta”, relata Rosa.

Lúcia fez boletim de ocorrência onde registrou a transferências não autorizadas no valor de R$ 1.475 e dois empréstimos de R$ 1.526,11. “Eu nem sabia que tinha recebido metade do décimo terceiro, achei que era só o salário mesmo. Por isso, esse infeliz conseguiu pegar meu dinheiro, estou com fé que vou conseguir resolver isso aqui hoje”, desabafou a pensionista.

De acordo com a assessoria de comunicação, o mutirão antecipou agendamentos que aconteceriam em agosto e setembro, mas ainda não há previsão de acontecer outro. Os agendamentos podem ser feitos através do site https://www.defensoria.ms.def.br/

Confira no vídeo a explicação do coordenador Carlos Eduardo sobre o primeiro mutirão de fraudes bancárias:

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