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Cidades

Carga de cigarro contrabandeado que levou à prisão de PMs vale R$ 1 milhão

Um sargento e um cabo foram presos suspeitos de exigir R$ 150 mil de propina de "cigarreiros"

Marta Ferreira | 04/12/2017 16:49
O caminhão parado em uma rua do bairro Tarumã. (Foto: Direto das Ruas)
O caminhão parado em uma rua do bairro Tarumã. (Foto: Direto das Ruas)

Em torno de R$ de 1 milhão é o valor de mercado da carga de cigarros que foi pivô da prisão de dois policiais militares de Mato Grosso do Sul sob suspeita de cobrar propina de R$ 150 mil. O sargento Alex Duarte de Aguir, de 38 anos, e o cabo Rafael cabo Rafael Marques da Costa, 28 anos, estão com a prisão preventiva decretada, pelo crime de corrupção passiva. Outros policiais também podem estar envolvidos.

A reportagem do Campo Grande News apurou que havia cerca de 500 caixas de cigarro paraguaio no caminhão-baú apreendido, que chegou a ficar retido pelos policiais militares, segundo o auto de prisão. Os produtos são das marcas Eight e Gift. Introdução dessa mercadoria no Brasil é crime, mas há décadas a chamada Máfia do Cigarro distribui produtos irregulares, vendidos abertamente.

Cada uma das cerca de 500 caixas tem 50 pacotes, cada um com 500 carteiras de cigarro. Isso que dizer que são 250 mil maços. Nas ruas, a carteira é vendida em torno de R$ 4, totalizando o R$ 1 milhão de avaliação.

Conforme a apuração feita, durante a prisão dos policiais militares, eles queriam 15% do valor da carga para deixar que ela passasse. Segundo o auto de prisão, um grupo de pelo menos quatro policiais interceptou a carga, em uma estrada vicinal de Campo Grande e chegou a colocar batedores para cuidar do caminhão, até que a negociação fosse concluída.

Nesse intervalo, o motorista da carreta acionou uma pessoa chamada Fábio Garcete, de 38 anos, identificado como desossador, e essa pessoa serviu de informante para o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Fabio já foi preso por contrabando, em junho deste ano, e, diante da colaboração no flagrante de sexta-feira, entrou como testemunha no inquérito sobre a corrupção passiva.

O Gaeco, de posse das informações sobre a negociação, segundo foi divulgado, acionou o BPCHoque (Batalhão de Polícia Militar de Choque), que foi quem fez a prisão, por volta das 20h de sábado, em um posto de combustível no bairro Tarumã, em Campo Grande.

O valor inicial cobrado, de R$ 150 mil, teria sido reduzido para R$ 30 mil, a contragosto dos policiais envolvidos. Pelo que foi investigado, o dinheiro estava marcado com tinta verde. Àudios de Whatsapp, aos quais o Campo Grande News teve acesso, revelam negociação.

Mais policiais – A reportagem apurou que as investigações envolvem um esquema maior e mais policiais podem estar envolvidos. Uma fonte informou à reportagem que viaturas da Corporação foram usadas durante a abordagem e que o número de policiais poderia chegar a 12. A Corregedoria da PM, que cuida do inquérito sobre a cobrança de propina, não detalha se outros agentes de segurança estão sob investigação.

Responsável pelo inquérito envolvendo o crime de contrabando, o delegado José Otacílio Della-Pace informou que o caminhão-baú será levado ainda esta semana para a Superintendência da Receita Federal, que, normalmente, destrói esse tipo de produto.

Os dois policiais presos estão no Presídio Militar. Eles foram enquadrados no crime de corrupção passiva, cuja pena é de até 8 anos de reclusão, além de multa.

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