Com 99 operações em seis meses, número de transplantes sobe 23%
No primeiro semestre deste ano foram realizados 99 transplantes em todo o Estado, uma média de um procedimento a cada quatro dias, acréscimo de 23,7% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram realizados 80 transplantes. Os números foram divulgados pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (20).
Segundo a Central Estadual de Transplantes, no primeiro semestre deste ano foram realizados 98 procedimentos de córneas e um de rim. O número é resultado dos 15 doadores efetivos identificados na região em 2016. Já em 2015 foram realizados 80 transplantes de córneas e nenhum de rim.
Também foram realizados três transplantes de tecido músculo esquelético, o ano passado não houve esse tipo de procedimento. Ainda segundo a Central, até o fim de agosto deste ano 32 pessoas aguardavam por transplante de córnea e 33 por transplante de rim.
Para a coordenadora da central, Claire Carmem Miozzo, o avanço no número de procedimentos realizados é motivo de comemoração, mas ainda é possível avançar em outros aspectos, entre eles a entrevista às famílias no momento de perda de um ente. “A abordagem eficiente contribui para o aumento da doação”, disse. Ela disse também o quão importante é as família conversarem sobre a vontade de ser ou não doador.
Em Mato Grosso do Sul, a recusa das famílias ficou em 60% nos primeiros seis meses de 2016, em todo o ano de 2015 o índice foi de 78%. Isso quer dizer que mais da metade das famílias ainda rejeita a doação de órgãos de um parente com diagnóstico de morte encefálica.
Mesmo assim, segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possui a menor taxa de recusa familiar entre os quatro maiores países transplantadores da América do Sul, como Argentina (49%), Uruguai (47%) e Chile (52%). Embora o País tenha avançado muito nos últimos anos, a taxa de aceitação familiar foi de 56% nesse primeiro semestre.
Panorama - Com o objetivo de ampliar cada vez mais o número de doadores de órgãos no País, o Ministério da Saúde lançou nesta semana a campanha nacional de doação de órgãos no espaço Casa Brasil, no Rio de Janeiro.
Com o slogan “Viver é uma grande conquista. Ajude mais pessoas a serem vencedoras”, a campanha é estrelada por atletas transplantados em alusão aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. A divulgação marca o mês de comemoração do Dia Nacional da Doação de Órgãos (27 de setembro).
No primeiro semestre deste ano, o País bateu recorde de doador por milhão da população, com 1.438 doadores, 7,4% a mais que no mesmo período de 2015. Essas doações possibilitaram a realização de 12.091 transplantes entre janeiro e julho, registrando aumento nos procedimentos de órgãos mais complexos, como pulmão, fígado e coração, de 31%, 6% e 7%, respectivamente.
Atualmente, 89% dos transplantes de órgãos sólidos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tornando o país referência mundial no campo dos transplantes e maior sistema público do mundo.
“Um dos nossos principais desafios atualmente é diminuir a taxa de recusas familiares à doação de órgãos. A família brasileira é tipicamente solidária e precisa ser bem informada e acolhida em momentos dolorosos, como a perda de um ente querido. É preciso mostrar que essa perda pode significar a vida de outra pessoa e, por isso, estamos empenhando todos os esforços necessários para capacitar os profissionais responsáveis pela entrevista familiar em busca da autorização para doação de órgãos, de modo a esclarecer todas as dúvidas e reduzir as taxas de recusa”, destacou o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Francisco de Assis Figueiredo.
No Brasil, a autorização para a doação de órgãos é concedida pelos familiares. Dessa forma, para que a vontade em doar os órgãos após a morte seja atendida, é importante avisar a família sobre essa decisão e pedir que ela atenda ao desejo. A doação de órgãos pode ocorrer após a morte encefálica. A rede brasileira conta com Centrais Estaduais de Transplantes em todos os estados e DF, 494 Centros de Transplantes, 1.244 equipes de Transplantes e 72 Organizações de Procura de Órgãos (OPOs). Desde 2010, houve aumento de 16% na quantidade de serviços habilitados pelo Ministério da Saúde para realizar transplantes no país, passando de 712 para 826.