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Cidades

Com medo da morte, renais buscam transplantes em outros Estados

Lidiane Kober | 16/06/2014 17:57

Com medo da morte, doentes renais sul-mato-grossenses estão buscando transplantes em outros estados. O temor é resultado de óbitos registrados ao longo do ano passado, após cirurgias realizadas na Santa Casa de Campo Grande. As mortes, inclusive, fizeram o hospital fechar a unidade de transplantes, em dezembro de 2013.

“O pessoal não tem coragem de fazer as cirurgias aqui e estão buscando o serviço em São Paulo”, contou a presidente da Recromasul (Associação de Doentes Renais e Transplantados), Maura Jorge Souza Trindade. Ela conhece pelo menos cinco pacientes que foram ao Estado vizinho em busca da cura.

Em 15 dias, entre setembro e outubro do ano passado, três pacientes morreram após passar pela mesa de cirurgia da Santa Casa. Na época, a Vigilância Estadual de Saúde emitiu parecer afirmando que não conseguiu constatar a causa dos óbitos. No total, 45 realizaram o transplante, dos quais sete morreram. Em ano antes, em 2012, 44 fizeram a cirurgia e 10 não resistiram.

Diante dos índices, o Ministério da Saúde abriu uma investigação e, segundo o secretário estadual de Saúde, Antonio Lastória, constatou que as mortes seguidas ocorreram por conta de um doador com uma bactéria não identificada antes dos procedimentos.

Sanada a suspeita, Lastória disse que o Ministério autorizou reativar o serviço. Agora, conforme a assessoria de imprensa da secretaria, a volta dos transplantes depende da liberação de documentos por parte da Santa Casa sobre os novos integrantes da equipe cirúrgica do hospital. Até maio, pelo menos 400 doentes renais agonizavam na fila de espera por um transplante.

Questionado se a demora na fila de espera resulta em mortes no Estado, Lastória garantiu que “dificilmente” algum doente renal vai a óbito. “O tratamento evoluiu muito e, hoje, a sobrevida do paciente é de 20 a 30 anos”, informou. Ele, porém, admite que a rotina muda. “O tratamento torna a pessoa improdutiva”, completou, fazendo menção as hemodiálises em pelo menos três dias da semana.

Por outro lado, a presidente da Recromasul, que atende 260 associados, disse que todo ano doentes renais vão a óbito em Mato Grosso do Sul. “Na máquina (da hemodiálise), há o risco de morrer de repente por parada cardíaca ou derrame e também existe a chance de não resistir ao uso frequente do equipamento, porque ele vai debilitando o paciente, principalmente, os ossos”, explicou.

Ela ainda reforçou as dificuldades dos doentes renais. “Só podem beber no máximo meio litro de água por dia, precisam respeitar uma dieta cheia de restrições e poucos conseguem trabalhar, porque ninguém quer contratar uma pessoa para trabalhar um dia sim, um dia não”, comentou. Pelos menos três vezes por semana, o paciente precisa ficar quatro hora na máquina.

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