Funcionário de frigorífico denuncia revista íntima
Um funcionário do frigorífico Bertin denunciou nesta manhã à Superintendência do Trabalho o constrangimento de enfrentar diariamente revistas íntimas, junto dos demais colegas, a cada mudança de turno na empresa.
De acordo com o jovem, que há mais de cinco anos trabalha na unidade, o procedimento foi iniciado há pelo menos quatro meses.
Ele afirma que os funcionários que vão assumir o turno tem de ir para uma sala, onde são obrigados a retirar a roupa e ficar somente de cueca na frente dos outros companheiros.
Eles só podem colocar o uniforme depois de passarem pelo guarda que acompanha o procedimento, garante. Conforme a denúncia dele, as mulheres também passam pelo mesmo procedimento em sala separada.
Segundo o funcionário, a justificativa da empresa é que o procedimento adotado é padrão e realizado em todas as unidades do frigorífico.
"Fomos questionar sobre a revista e nos informaram que quem se negasse a fazer, seria demitido", afirmou, ressaltando que todos os funcionários ficam visivelmente constrangidos durante a revista.
Segundo a Superintendência Regional do Trabalho, o caso é de constrangimento ilegal. A empresa deve ser notificada e fica sujeita a indenização por danos morais.
A gerente administrativa do frigorífico, Elizabete Moura Morassatue negou a existência do procedimento.
Rotina - Segundo a auditora fiscal, Noemia de Sales, coordenadora do Núcleo de Combate a Discriminação no Emprego e Profissão da DRT, a delegacia recebe em média quatro denúncias como essa ao dia.
Ela explica que configura assédio moral empregador que hostiliza, inferioriza, ridiculariza, maltrata e fala mal do funcionário.
Noemia reforça que quando a delegacia é procurada manda um fiscal para ir até a empresa no sentido de fazer a comprovação do crime, mas ressalta que fica mais evidente quando o funcionário possui prova, como fotografia.
Assédio sexual - A auditora lembra que recentemente três funcionárias de uma sacaria procuraram a delegacia para fazer uma denúncia contra o proprietário da empresa. Segundo ela, as funcionárias sofriam assédio sexual por parte do patrão.
Pela denúncia, as poltronas usadas pelas funcionárias tinham na almofada o desenho de um pênis. Além disso, durante o expediente de trabalho, ele circulava entre elas passando um vibrador nas costas de cada uma.
As vítimas foram orientadas pela DRT e conseguiram levar o aparelho usado pelo empregador até a superintendência. O instrumento serviu como prova e o processo já foi tramita na Justiça, mas o caso segue em sigilo.
O patrão chegou a dizer a elas que não adiantaria elas denunciarem porque ele tinham influência na Superintendência do Trabalho.