“Não tenho nada a ver com isso”, diz vereador citado em esquema de lotes
Romualdo Ramim diz que inscrição de parentes do assessor em programa habitacional foi feita antes de sua eleição
O vereador Romualdo Ramim (PDT) negou envolvimento no suposto esquema para ajudar parentes de um assessor dele no programa de distribuição de lotes urbanizados em Dourados, a 233 km de Campo Grande. “Não devo nada a ninguém, não tenho nada a ver com isso”, afirmou o pedetista ao Campo Grande News.
Ontem, o eleitor Marcos Cavalheiro protocolou na Câmara de Dourados pedido de cassação de Ramim e dos vereadores Pastor Cirilo Ramão (MDB), e Cido Medeiros (DEM) por suposto envolvimento no esquema de distribuição ilegal de terrenos do programa estadual.
O pedido de instalação das comissões processantes contra os vereadores é baseado no inquérito civil em andamento há um ano no Ministério Público de Mato Grosso do Sul e está sendo analisado pela assessoria jurídica da Câmara.
A representação acusa os três vereadores de tráfico de influência na distribuição dos lotes em benefício de pessoas ligadas à líder comunitária Rosemeire da Silva, a Léia, coordenadora do Movimento da Luta pela Moradia Digna de Dourados.
A denúncia afirma que seis pessoas com sobrenome Mota beneficiadas com os lotes teriam sido indicadas por Alan Oliveira Mota, lotado no gabinete de Romualdo Ramim. O vereador confirma que Alan é seu assessor, mas nega ter interferido para que pessoas ligadas a ele fossem beneficiadas.
“O Alan trabalha comigo, é parente meu de terceiro grau. Foi nomeado no meu gabinete no dia 4 de setembro de 2018. Ele tem os parentes dele, mas não sou parente de todos os Mota. Esse povo fez inscrição desde o tempo do prefeito Murilo [atual vice-governador Murilo Zauith]. Não tem nada a ver comigo, é de quando eu nem era vereador, antes de o Alan ser nomeado como meu assessor”, afirmou.
Romualdo Ramim diz não saber o motivo da denúncia: “não tem nada a ver comigo, não sei se é por política ou se é outra coisa. Não tenho inimizade com ninguém, não tenho problema com a Justiça”. Ramim foi eleito em 2016 para o primeiro mandato na terceira vez que disputou a eleição em Dourados.
“O Alan é parente sim, e meu assessor, mas essas inscrições foram feitas bem antes dele trabalhar comigo. Das seis pessoas, só a Poliana [irmã do Alan] continua inscrita, mas nem pegou o terreno ainda”, declarou Romualdo Ramim.
Ao Campo Grande News, o vereador Cido Medeiros se disse “surpreso” com a denúncia. “Eu nem sabia que ela [a assessora] tinha feito inscrição. Essa denúncia não tem cabimento, o sorteio é público, não tenho nenhum envolvimento com isso. Minha filha foi sorteada para um apartamento e eu pedi que ela desistisse, justamente para evitar qualquer comentário”, afirmou.
Cirio Ramão ainda não se manifestou. Ele retornou à Câmara na segunda-feira (19) depois de oito meses afastado por ordem da Justiça. O vereador do MDB é um dos implicados na Operação Cifra Negra, que investiga suposto esquema de corrupção montado na Câmara de Dourados envolvendo empresas de tecnologia que atendiam o Legislativo até dezembro de 2018.