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Interior

“Não tenho nada a ver com isso”, diz vereador citado em esquema de lotes

Romualdo Ramim diz que inscrição de parentes do assessor em programa habitacional foi feita antes de sua eleição

Helio de Freitas, de Dourados | 22/08/2019 17:03
Romualdo Ramim foi denunciado por tráfico de influência junto com outros dois vereadores (Foto: Divulgação)
Romualdo Ramim foi denunciado por tráfico de influência junto com outros dois vereadores (Foto: Divulgação)

O vereador Romualdo Ramim (PDT) negou envolvimento no suposto esquema para ajudar parentes de um assessor dele no programa de distribuição de lotes urbanizados em Dourados, a 233 km de Campo Grande. “Não devo nada a ninguém, não tenho nada a ver com isso”, afirmou o pedetista ao Campo Grande News.

Ontem, o eleitor Marcos Cavalheiro protocolou na Câmara de Dourados pedido de cassação de Ramim e dos vereadores Pastor Cirilo Ramão (MDB), e Cido Medeiros (DEM) por suposto envolvimento no esquema de distribuição ilegal de terrenos do programa estadual.

O pedido de instalação das comissões processantes contra os vereadores é baseado no inquérito civil em andamento há um ano no Ministério Público de Mato Grosso do Sul e está sendo analisado pela assessoria jurídica da Câmara.

A representação acusa os três vereadores de tráfico de influência na distribuição dos lotes em benefício de pessoas ligadas à líder comunitária Rosemeire da Silva, a Léia, coordenadora do Movimento da Luta pela Moradia Digna de Dourados.

A denúncia afirma que seis pessoas com sobrenome Mota beneficiadas com os lotes teriam sido indicadas por Alan Oliveira Mota, lotado no gabinete de Romualdo Ramim. O vereador confirma que Alan é seu assessor, mas nega ter interferido para que pessoas ligadas a ele fossem beneficiadas.

“O Alan trabalha comigo, é parente meu de terceiro grau. Foi nomeado no meu gabinete no dia 4 de setembro de 2018. Ele tem os parentes dele, mas não sou parente de todos os Mota. Esse povo fez inscrição desde o tempo do prefeito Murilo [atual vice-governador Murilo Zauith]. Não tem nada a ver comigo, é de quando eu nem era vereador, antes de o Alan ser nomeado como meu assessor”, afirmou.

Romualdo Ramim diz não saber o motivo da denúncia: “não tem nada a ver comigo, não sei se é por política ou se é outra coisa. Não tenho inimizade com ninguém, não tenho problema com a Justiça”. Ramim foi eleito em 2016 para o primeiro mandato na terceira vez que disputou a eleição em Dourados.

“O Alan é parente sim, e meu assessor, mas essas inscrições foram feitas bem antes dele trabalhar comigo. Das seis pessoas, só a Poliana [irmã do Alan] continua inscrita, mas nem pegou o terreno ainda”, declarou Romualdo Ramim.

Ao Campo Grande News, o vereador Cido Medeiros se disse “surpreso” com a denúncia. “Eu nem sabia que ela [a assessora] tinha feito inscrição. Essa denúncia não tem cabimento, o sorteio é público, não tenho nenhum envolvimento com isso. Minha filha foi sorteada para um apartamento e eu pedi que ela desistisse, justamente para evitar qualquer comentário”, afirmou.

Cirio Ramão ainda não se manifestou. Ele retornou à Câmara na segunda-feira (19) depois de oito meses afastado por ordem da Justiça. O vereador do MDB é um dos implicados na Operação Cifra Negra, que investiga suposto esquema de corrupção montado na Câmara de Dourados envolvendo empresas de tecnologia que atendiam o Legislativo até dezembro de 2018.

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