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Interior

“A guerra está perdida”, diz ex-governador após morte de radialista

Ronald Acevedo teve o irmão e a filha mortos pelo crime organizado que impera na fronteira

Helio de Freitas, de Dourados | 08/09/2022 16:33
Movimentação no local onde Humberto foi morto, em frente à rádio da família Acevedo (Foto: ABC Color)
Movimentação no local onde Humberto foi morto, em frente à rádio da família Acevedo (Foto: ABC Color)

O ex-governador Ronald Acevedo disse hoje (8) que o governo do Paraguai fracassou em oferecer segurança aos moradores da fronteira e não consegue enfrentar o crime organizado que domina a linha internacional entre o departamento de Amambay e Mato Grosso do Sul.

Na terça-feira (6), o radialista e jornalista Humberto Coronel, 33, foi executado com oito tiros quando deixava a rádio Amambay AM570, no centro de Pedro Juan Caballero. A emissora pertence à família Acevedo.

“A guerra está perdida”, disse o político do Partido Colorado, que teve a família atingida mortalmente pelos criminosos. A filha dele foi uma das quatro vítimas da chacina ocorrida em Pedro Juan Caballero em outubro do ano passado e o irmão dele, José Carlos Acevedo, foi morto por pistoleiros em maio deste ano, quando exercia o quarto mandato de prefeito.

Crítico do atual presidente da República Mario Abdo Benítez – a quem acusa de ter abandonado os moradores da fronteira à própria sorte – Ronald Acevedo deixou o governo de Amambay (equivalente a Estado) em julho deste ano para se candidatar à cadeira que era ocupada pelo irmão.

A eleição extemporânea será no dia 30 de outubro. Como no Paraguai não existe cargo de vice-prefeito, será necessária novo pleito para definir o administrador da capital de Amambay.

“A guerra está perdida e não há mais nada a ser feito. Este governo não faz nada e não vai fazer”, afirmou o político. Ronald Acevedo disse que sequer confia na Polícia Nacional. “Estamos com muito medo, medo de sair de casa, medo de falar. E isso não vai parar”.

Resignado, o ex-governador afirma que agora, assim como ocorreu várias outras vezes, os responsáveis em combater o crime, mais uma vez criam “cortina de fumaça” para desviar o foco do descaso instalado na fronteira.

“Montam a mesma cena de filme de sempre. Se escandalizam, da capital mandam contingente dos ‘melhores homens’, o mesmo discurso. Uma semana depois tudo se esfria, e continuamos a mercê dos criminosos”, disse ele ao jornal ABC Color.

Promotora afastada – Hoje, a Procuradoria-Geral de Justiça do Paraguai anunciou o afastamento do caso da promotora de Justiça Katia Uemura. No dia da morte, ela afirmou que Humberto Coronel, mesmo sofrendo ameaças, “se entregou ao pistoleiro”, por não adotar cuidado com sua segurança e recusar proteção policial.

A procuradora-geral Sandra Quiñónez designou os promotores José Luis Torres, Sandra Díaz (os dois de Pedro Juan Caballero), María Irene Álvarez e Pablo Réne Zárate para investigar o assassinato do jornalista.

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