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Interior

Acordo permite que policiais ignorem fronteira durante perseguições

Na presença de ministro do Interior do Paraguai, autoridades dos dois países fizeram acordo, ainda informal, para permitir que policiais entrem no país vizinho para perseguir criminosos

Helio de Freitas, de Dourados | 23/06/2016 15:40
Reunião entre paraguaios e brasileiros, hoje em Pedro Juan Caballero (Foto: Ronald Díaz)
Reunião entre paraguaios e brasileiros, hoje em Pedro Juan Caballero (Foto: Ronald Díaz)
Policiais paraguaios reforçam segurança em ruas de Pedro Juan Caballero (Foto: Última Hora)
Policiais paraguaios reforçam segurança em ruas de Pedro Juan Caballero (Foto: Última Hora)

Policiais brasileiros e paraguaios poderão “invadir” a fronteira de ambos os lados, independente de autorização legal, se estiverem em perseguição a bandidos que agem na região de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.

Chamada de “acordo de cavalheiros”, a medida foi tomada nesta quinta-feira (23), durante reunião do ministro do Interior do Paraguai, Francisco de Vargas, e do comandante da Polícia Nacional, comissário-geral Crispulo Sotelo, com autoridades políticas e policiais das duas cidades.

Pelo lado brasileiro, o acordo foi firmado com delegado da Polícia Civil Jarley Inácio de Souza e com o comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Waldomiro Centurião Machado.

O Campo Grande News apurou que o “acordo de cavalheiros” será oficializado nos próximos dias, mas ainda sem data definida.

No encalço de bandidos – O objetivo é facilitar a prisão, principalmente de matadores profissionais, que cometem crimes do lado paraguaio e para escapar da polícia fogem para o Brasil, como aconteceu domingo em Pedro Juan Caballero.

Das quatro pessoas envolvidas no assassinato de três homens em uma quadra de vôlei, na Vila Guilhermina, dois homens fugiram para Ponta Porã e um casal foi preso pela polícia paraguaia.

Do lado de cá da fronteira o problema também ocorre constantemente e bandidos perseguidos por policiais brasileiros sempre escapam impunemente, porque a polícia sul-mato-grossense não pode entrar em território paraguaio atrás dos suspeitos.

O acordo de hoje é o primeiro passo na tentativa de estabelecer uma ação conjunta entre os dois países para acabar com o poder do crime organizado na região e tentar chegar aos bandidos que travam uma guerra armada pelo controle do narcotráfico, iniciada com a execução, na semana passada, do “chefão da fronteira”, o empresário Jorge Rafaat Toumani.

Integração – O comandante da PM comemorou o resultado da reunião e disse que o governador do Departamento de Amambay, Pedro Gonzalez Ramirez, demonstrou sensibilidade e comprometimento com os problemas da linha de fronteira.

“Os episódios que ocorreram em Pedro Juan Caballero acabam refletindo no contexto social e econômico e refletindo em Ponta Porã. As propostas apresentadas hoje vão fortalecer a atuação da Polícia Nacional”, afirmou.

Segundo o tenente-coronel, a proposta apresentada hoje, para permitir a entrada de policiais nas fronteiras, precisa da elaboração de um tratado internacional, para não atingir a soberania nacional das duas nações, prevista na Constituição tanto brasileira quanto paraguaia.

Conforme Waldomiro Machado, o acordo verbal, firmado até que a situação seja oficializada através de uma lei, ajuda a diminuir os obstáculos para que, em casos excepcionais, tanto policiais brasileiros quanto paraguaios entrem no território vizinho para prender bandidos.

Novas reuniões devem ocorrer nos próximos dias para aprofundar as discussões. O ministro Francisco de Vargas foi cobrado e prometeu apresentar uma resposta em breve sobre aumento do número de policiais em Pedro Juan, principalmente de grupos especiais, e mais armas e coletes à prova de bala para os agentes.

No sábado (25), moradores de Pedro Juan Caballero e de Ponta Porã fazem uma “passeata pela paz”, que vai cruzar a fronteira para pedir o fim da violência na região.

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