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Interior

Além dos presos, Justiça sequestrou bens de oito vereadores de Naviraí

Helio de Freitas, de Dourados | 21/10/2014 15:08
O atual presidente Moacir Andrade é citado em conversas de Cicinho do PT e também está com bens indisponíveis (Foto: Jota Oliveira/Naviraí Notícias)
O atual presidente Moacir Andrade é citado em conversas de Cicinho do PT e também está com bens indisponíveis (Foto: Jota Oliveira/Naviraí Notícias)

Os cinco vereadores presos e já afastados dos cargos na Câmara Municipal de Naviraí, a 366 quilômetros de Campo Grande, não são os únicos legisladores do município implicados na Operação Atenas da Polícia Federal. Documentos obtidos pelo Campo Grande News revelam que os oito vereadores que escaparam da prisão também foram levados através de condução coercitiva para prestar depoimento no dia 8 deste mês e estão com as contas bancárias e com os bens móveis e imóveis indisponíveis. Buscas também foram feitas no endereço residencial de todos.

O atual presidente da Câmara Moacir Aparecido Andrade, o primeiro secretário Elias Alves, o segundo secretário José Odair Gallo e os demais vereadores Mário Gomes, Gean Carlos Volpato, Jaime Dutra, José Roberto Alves e Vanderlei Chagas são investigados pela PF e tiveram os bens indisponíveis e as contas bloqueadas pelo juiz Paulo Roberto Cavassa de Almeida. Vanderlei inclusive faz parte da Comissão Processante instalada pela Câmara e que pode levar à cassação do mandato dos cinco vereadores presos.

Na representação ao magistrado, a Polícia Federal também pediu a suspensão do mandato de Jaime Dutra e Elias Alves, mas o juiz acatou parecer do Ministério Público, que julgou não existir elementos suficientes para o afastamento.

Os oito vereadores que permanecem no cargo e os cinco que estão presos – Cícero dos Santos, o Cicinho do PT, Marcus Douglas Miranda, Carlos Alberto Sanchez, o Carlão, Adriano José Silvério e Solange Melo – fazem parte de uma lista de 21 nomes que tiveram os bens sequestrados e estão com as contas indisponíveis. Quatro estão presos (a mulher de Cícero, Mainara, dois assessores e um empresário) e quatro em liberdade.

As residências desses oito vereadores também fizeram parte da lista de 38 locais em que foram cumpridos mandados de busca e apreensão, a maioria em Naviraí, mas alguns em Campo Grande e Dourados. Na capital e na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul as buscas foram feitas numa agência de publicidade, em um escritório de planejamento, numa empresa de imagem e digitalização e em duas residências.

Ainda no dia 8 de outubro, 29 pessoas foram levadas para delegacia por força de mandado de condução coercitiva, para prestar depoimento. Além dos vereadores, existem empresários, advogados e assessores, sendo 27 moradores de Naviraí e duas pessoas que residem em Campo Grande. Os mandados foram expedidos no dia 2 de outubro, mas só cumpridos seis dias depois pela PF.

Na lista – Escutas da Polícia Federal revelam que Moacir Andrade e Jaime Dutra foram citados nas conversas de Cícero dos Santos com Marcus Douglas, com outros vereadores e com os assessores que operavam o esquema de corrupção na Câmara de Naviraí. Documentos obtidos pelo Campo Grande News mostram Cícero dos Santos demonstrando grande aborrecimento devido à ingerência de vereadores em sua presidência.

“No diálogo, Cícero dos Santos afirma pagar propina a vereadores para que percam votações dos projetos indicados por ele, figura como chefe, articulador e distribuidor da propina. Pelo menos os vereadores Moacir, Carlão, Adriano e Jaime Dutra fazem farte desta empreitada criminosa”, diz trecho do relatório da Polícia Federal.

“Vão sentir minha mão, rapaz, vão sentir o peso da minha mão! O cara não se coloca no lugar dele! Se eu não fizer isso Dill, o cara me coloca atrás dele! O cara tem que sentir que quem manda ainda sou eu! Vagabundo que levou o meu dinheiro pra perder, devolve! Devolve meus 25 mil, Moacir, devolve meus 20 mil, Carlão, devolve meus 30, Adriano, devolve meus 15, Jaime Dutra, devolve meus 15. Se duvidar falo em cima no plenário!... eu não tenho trava na língua!”, afirma Cícero dos Santos em conversa com o assessor Rogério Santos Silva, o Dill, um dos presos na operação.

O Campo Grande News tentou contato com Moacir Andrade e Jaime Dutra, mas não conseguiu falar com os vereadores. Na Câmara de Naviraí ninguém atende ao telefone e em outros locais não foi possível obter o número do celular dos parlamentares.

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