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Interior

Arma de pistoleiro será periciada em inquérito sobre execução de jornalista

Aline dos Santos | 17/02/2012 12:02

Duas pistolas 9 milímetros, sendo uma apreendida com o acusado de ser o pistoleiro do “Barão da Maconha”, serão periciadas

Paulo Rocaro foi morto a tiros em avenida de Ponta Porã(Foto: Leli Correa)
Paulo Rocaro foi morto a tiros em avenida de Ponta Porã(Foto: Leli Correa)

Duas pistolas 9 milímetros, sendo uma apreendida com o acusado de ser o pistoleiro do “Barão da Maconha”, serão periciadas no inquérito que investiga a execução do jornalista Paulo Rocaro, morto a tiros em Ponta Porã.

De acordo com o delegado Odorico de Ribeiro de Mendonça Mesquita, serão analisadas as armas apreendidas com o paraguaio Jacinto Ramon Cristaldo Ramirez, preso ontem em Coronel Sapucaia, fronteira com Capitan Bado, e com um homem preso pela polícia do Paraguai em Pedro Juan Caballero, cidade na fronteira com Ponta Porã.

“Será feito exame de microscopia balística”, afirma o delegado. A análise permite saber se os projéteis que atingiram o jornalista partiram de alguma das armas. A pistola 9 milímetros é de uso restrito.

Depois de ouvir oito pessoas, o delegado já descartou que o crime tenha sido passional ou por dívidas. “Só se tiver uma reviravolta. A investigação aponta que teve ligação com o trabalho dele como jornalista”, salienta o delegado.

Ele não descarta a motivação política. “Pode ser por fatores políticos, mas ligado ao exercício da profissão”, reforça. A Polícia Civil também já ouviu, de forma informal, o jornalista paraguaio Cándido Figueredo, que trabalha em Pedro Juan e vive sob ameaça do tráfico. “Parece não ter nenhuma ligação. São dois jornalistas com diferentes atuações. Não acredito ter relação”, explica o advogado.

Gravações - A Polícia Civil já recebeu a imagem de câmeras de vigilância próximas ao local do crime. Havia o temor que as gravações mostrassem somente a calçada, mas também a imagens da avenida Brasil, onde o jornalista, que conduzia um Fiat Idea, foi executado.

O delegado mantém o teor das imagens em sigilo. “Não é esclarecedora, mas ajuda”, avalia Odorico Mesquita. As imagens serão periciadas. O delegado também já solicitou quebra do sigilo telefônico do jornalista morto.

Paulo Rocaro foi baleado no domingo à noite por uma dupla de motocicleta, características de crime de pistolagem. O jornalista retornava da casa do ex-prefeito de Ponta Porã, Vagner Piantoni (PT), de quem era amigo. Ele morreu na madrugada de segunda-feira, no hospital.

O jornalista era editor-chefe do Jornal da Praça e diretor do site Mercosul News. Em 2002, publicou o livro “A Tempestade – Quando o crime assume a lei para manter a ordem”. A obra fala de pistolagem e da conivência policial num território dominado pelo tráfico.

Pistoleiro - Jacinto Ramon Cristaldo Ramirez, preso ontem em Coronel Sapucaia, é apontado como pistoleiro do traficante paraguaio Felipe Baron Escurra, conhecido como “Barão da Maconha”.

O mandado de prisão foi expedido pela Vara Criminal de Ponta Porã, com base em um processo em que Ramon foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de uso restrito, ocorrido em 2009.

Ele foi solto, mas não compareceu às audiências. Em outubro de 2010, a Justiça decretou sua prisão preventiva.

Ramon foi preso em uma residência, no bairro Vila Nova. Ele portava uma pistola semi-automática de calibre 9 milímetros e dois carregadores com 26 munições. Também foi apreendida uma motocicleta Honda/Tornado, sem placa. Ele foi preso na operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e da PM (Polícia Militar).

No lado brasileiro, ele é suspeito do assassinato de Daniel Castro de Oliveira, em dezembro do ano passado, na cidade de Coronel Sapucaia. Ele foi executado com cinco tiros. O autor dos disparos era passageiro de uma motocicleta.

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