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Interior

Caminhoneiros protestam contra liberação de bitrem no Paraguai

Medida facilita projeto ligando MS ao Pacífico, mas caminhoneiros acusam presidente paraguaio de agir em benefício próprio

Helio de Freitas, de Dourados | 30/01/2018 11:39
Caminhões ocupam avenidas de Assunção; país pode enfrentar falta de combustíveis (Foto: ABC Color)
Caminhões ocupam avenidas de Assunção; país pode enfrentar falta de combustíveis (Foto: ABC Color)
Caminhoneiros na Ruta 5, em Pedro Juan Caballero (Foto: Porã News)
Caminhoneiros na Ruta 5, em Pedro Juan Caballero (Foto: Porã News)

Caminhoneiros paraguaios entraram hoje (30) no segundo dia de protestos contra a liberação da circulação de carretas bitrem no trecho da Ruta 5 entre Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã (MS), até o porto de Concepción. A permissão, dada pelo Ministério de Obras Públicas, é peça-chave para a concretização do projeto Rota Bioceânica, ligando o Brasil ao Pacífico.

Na manhã desta terça-feira os caminhoneiros chegaram ao perímetro urbano da capital paraguaia, mas bloqueios são mantidos em várias rodovias do interior. A categoria promete parar o país se o governo mantiver a liberação. Na Linha Internacional com Mato Grosso do Sul, o protesto está concentrado na Ruta 5. Hoje de manhã alguns caminhões circularam pela área central de Pedro Juan, provocando congestionamento.

Os caminhoneiros acusam o presidente Horacio Cartes de agir em causa própria, já que o político teria centenas de carretas bitrem esperando a liberação para começar a rodar. Já o governo afirma que a medida faz parte de uma cooperação com o Brasil.

O protesto já começa a afetar o abastecimento de combustíveis e alimentos em várias partes do Paraguai. A Associação de Proprietários e Funcionários de Postos daquele país recomendou hoje que a população racione combustível, já que 70% dos estabelecimentos do Departamento do Alto Paraná já estão sem estoque.

De acordo com o ABC Color, pelo menos 500 mil litros de leite estragaram em um dos bloqueios. A entidade que organiza o protesto alega não ter conhecimento da proibição de circulação de veículos com cargas perecíveis, que deveriam ser liberados do protesto.

A imprensa paraguaia também revela radicalismo por parte dos manifestantes em várias partes do interior paraguaio, até com ameaça de incendiar caminhões que insistirem em circular.

Em um áudio que circulou no aplicativo Whatsapp, Ricardo Ruiz Baumann, do Sindicato de Transporte de Carga, afirmou que caminhões seriam queimados se os motoristas insistirem em transportar cargas.

Em entrevista à rádio ABC Cardinal, ele confirmou a ameaça e disse que já tem as bombas conhecidas como “coquetel Molotov” preparadas para incendiar os caminhões.

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