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Interior

Concessão da BR-163 põe em risco comércio às margens da rodovia

Helio de Freitas, de Dourados | 05/11/2014 09:34
Com 95% das vendas dependendo da rodovia, comerciantes de dois distritos de Dourados querem convencer CCR MS Via a mudar projeto (Foto: Eliel Oliveira)
Com 95% das vendas dependendo da rodovia, comerciantes de dois distritos de Dourados querem convencer CCR MS Via a mudar projeto (Foto: Eliel Oliveira)

A concessão dos 847 quilômetros da BR-163 para a empresa CCR MS Via está tirando o sono dos comerciantes que vendem de tudo às margens da rodovia, nos distritos de Vila São Pedro e Vila Vargas, no município de Dourados. O projeto inicial prevê a construção de um anel viário, desviando o tráfego dos distritos, o que acabaria com o comércio local.

Para convencer a concessionária e o governo federal a alterar os planos, os moradores começaram a se mobilizar. Há duas semanas teve uma reunião na Câmara de Vereadores de Dourados com a presença do vice-prefeito Odilon Azambuja (PMDB), de comerciantes dos dois distritos e do engenheiro de relações institucionais da empresa, Claudeir Mata.

“Sabemos que a concessionária está apenas cumprindo o projeto definido pelo DNIT e Agência de Transportes, mas se esse anel viário for construído vai acabar o comércio de Vila São Pedro e Vila Vargas. São pelo menos 60 comerciantes que não terão mais para quem vender artesanato, cereais e produtos caseiros. Até mercados, bares e padarias dos distritos dependem do fluxo da rodovia”, afirmou ao Campo Grande News o vereador Madson Valente (DEM), porta voz dos comerciantes.

Na calçada a poucos metros da rodovia e em varandas de casas construídas na beira da estrada, os comerciantes de Vila Vargas e Vila São Pedro vendem de tudo, de peça de barro simbolizando bichos da fauna sul-mato-grossenses a panelas de ferro, churrasqueiras e brinquedos.

Para não perder os clientes que por vários anos param ali para comprar uma lembrança ou até mesmo um utensilio de cozinha, os comerciantes querem que a situação fique do jeito que está, ou que pelo menos a concessionária mantenha um lado da estrada passando pelos distritos.

“Fizemos um levantamento e constatamos que o fluxo maior de clientes é no sentido Dourados-Campo Grande. Como a rodovia já é duplicada de Dourados até Vila Vargas, seria possível manter esse trecho com mão única passando pelos distritos e desviar só um lado da rodovia. Deixar como está poderia obrigar a empresa a cercar as margens da estrada, o que acabaria com o comércio da mesma forma”, afirmou Madson.

Segundo o vereador, que mora em Vila Vargas, outra proposta apresentada à CCR MS Via prevê a instalação dos comerciantes às margens do contorno rodoviário, em local com infraestrutura para o comércio atualmente existente nos povoados. “A empresa se responsabilizaria em comprar uma área próxima ao anel viário e transferir o pessoal para esse local, com estacionamento e vias marginais. São duas ideias que apresentamos e agora vamos nos mobilizar para que o projeto seja revisto”, afirmou Madson Valente.

Ação social – Ao Campo Grande News, o engenheiro Claudeir Mata informou que o problema dos comerciantes de Vila São Pedro e Vila Vargas será tratado com prioridade pela CCR MS Via. Segundo ele, uma empresa foi contratada e já começou a fazer um planejamento social em toda a extensão da rodovia, de Mundo Novo, no sul do estado, a Sonora, na região norte.

Ele tentou tranquilizar os comerciantes e disse que nenhuma ação será feita sem diálogo com as comunidades locais. “Essa empresa vai cadastrar todas as situações e a partir daí vamos traçar uma estratégia para que as pessoas sejam minimamente afetadas. O objetivo da CCR MS Via é conciliar mais segurança na rodovia com o aspecto social. Temos tempo suficiente para resolver essas questões”, afirmou.

Claudeir Mata afirmou que pelos próximos dois anos nada será alterado, o que garante tempo para resolver os problemas em conjunto com prefeituras e demais representantes dos moradores. Segundo ele, existem situações semelhantes à dos distritos de Dourados em Mundo Novo, Eldorado, Caarapó, Itaquiraí e Campo Grande.

O distrito de Anhanduí também possui comércio na beira da estrada, mas segundo o engenheiro a prefeitura da capital já estuda ações para atender os comerciantes locais. “Estamos analisando essas situações e vamos conversar com os moradores para resolver sem desespero”, afirmou o engenheiro.

Em Vila São Pedro e Vila Vargas, 95% da venda do comércio é feita para pessoas que passam pela rodovia (Foto: Eliel Oliveira)
Em Vila São Pedro e Vila Vargas, 95% da venda do comércio é feita para pessoas que passam pela rodovia (Foto: Eliel Oliveira)
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