Deputado e procurador seguem para local de confronto entre índios e produtores
Presidente da Comissão de Direitos Humanos chegou ontem à noite e nesta tarde visita fazendas ocupadas por índios na região sul de MS
O presidente da CDH (Comissão de Direitos Humanos e Minorias) da Câmara Federal, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), seguiu na tarde desta quinta-feira (25) para a fazenda Madama, no município de Coronel Sapucaia, a 400 km de Campo Grande. Ocupada por índios do acampamento Kurusu Ambá desde segunda-feira, a área foi palco de confronto entre índios e fazendeiros na tarde de ontem.
O assessor de imprensa do congressista gaúcho informou ao Campo Grande News que a comissão da qual Pimenta é o presidente foi acionada pelo MPF (Ministério Público Federal) e lideranças indígenas da região devido aos constantes conflitos por causa da disputa pela terra.
De acordo com o assessor, o deputado Paulo Pimenta também vai até as duas fazendas no município de Aral Moreira, invadidas ontem por índios do acampamento Guaivyry. O procurador da República em Ponta Porã, Ricardo Pael Ardenghi, acompanha o congressista gaúcho.
88 invasões – Em material divulgado hoje em seu site, a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) afirmou que atualmente existem 88 propriedades rurais invadidas por índios no Estado, algumas há mais de uma década.
Ontem de manhã, representantes da Famasul se reuniram com 150 fazendeiros, no Sindicato Rural de Amambai, para discutir as mais recentes invasões de terras por índios.
Produtores revoltados – Citado pela assessoria da Famasul, o proprietário da fazenda São Luiz, Rui Escobar, conta que suas terras estão invadidas desde 2010. A área tem 1.600 hectares produtivos, sendo que 900 hectares estão ocupados com milho pronto para colher.
“A primeira invasão ocorreu há cinco anos e em abril passado outro grupo invadiu a sede deixando eu e minha família numa situação de total insegurança, já que dependemos da nossa produção para viver. Entendo hoje o que alguns amigos enfrentaram há 20 anos. Mas sempre achamos que não acontecerá conosco”, afirmou Escobar.
Retirados com violência - A paranaense Maria Helena Vanzella Ramos, que há quase 20 anos veio para Amambai com família, disse que sua propriedade está invadida desde 2011. “Eu e meu esposo estamos doentes física e emocionalmente. Nos esforçamos tanto para oferecer uma vida melhor a nossos filhos e agora não temos mais nada, fomos retirados com violência da nossa propriedade e aguardamos até hoje por uma definição que não chega".
O presidente do Sistema Famasul, Nilton Pickler, reforçou o apoio aos produtores. “Estamos aqui à disposição de todos que passam por este momento tão difícil, mas entendemos que é necessário buscar os caminhos jurídicos. O momento pede união para pressionar o governo federal a definir a situação das áreas invadidas no Estado”, afirmou.
Já o presidente da Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), Mauricio Saito, apontou omissão do poder público: "Há anos os produtores rurais sofrem a violência das invasões e a insegurança jurídica gerada pela omissão do poder público em relação aos litígios de terra”.