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Interior

Discussão por desemprego motivou feminicídio, disse réu confesso à polícia

Marlene Salete Mees foi assassinada na frente da filha de 11 anos, na noite de segunda-feira, em Amambai

Por Bruna Marques | 26/09/2024 08:48
Jair e Marlene em foto publicada nas redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)
Jair e Marlene em foto publicada nas redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)

Inseguro por estar desempregado, Jair da Conceição, 51 anos, disse à polícia que matou a esposa Marlene Salete Mees, 54, porque vinha sendo pressionado pela mulher para conseguir trabalho. A vítima foi assassinada com 9 facadas, na frente da filha de 11 anos. O crime aconteceu na noite de segunda-feira (23), em Amambai, distante 351 quilômetros de Campo Grande.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Guilherme Tiago de Andrade, ao ser ouvido na delegacia, Jair revelou que está desempregado e vinha sendo pressionado por Marlene. Nos últimos dias, a vítima começou a tratá-lo diferente e sair de casa sem dar satisfação.

“No dia do fato ela teria saído sem falar nada e trancado a porta. Quando ele chegou com os filhos, ficou preso para fora. Quando ela chegou não disse onde tinha ido e iniciaram uma discussão. Segundo ele, ela teria avançado nele com uma faca e ele se defendeu”, disse o delegado afirmando que a declaração de que a vítima teria tentado esfaqueá-lo é mentira, levando em consideração o cenário encontrado na residência.

Conforme explicou o delegado, a impressão que ficou, considerando que o casal não tinha histórico de violência doméstica, é que a de que Jair se sentiu inseguro devido sua condição financeira e teve um momento de muita raiva. “Depois se arrependeu, mas não teve coragem de se matar. Se matar com uma faca é algo muito difícil de se fazer”, informou Guilherme.

O crime foi presenciado pela filha de Marlene, 11 anos e outras duas crianças de 9 anos, filhas de Jair. Questionado se as meninas foram ouvidas, o delegado disse que preferiu que elas contassem o que viram somente na fase processual. “Considerando o contexto e a materialidade já formada, preferi deixar elas viverem o luto”.

Guilherme disse, ainda, que Marlene era viúva de um senhor que tinha muitos patrimônios. Jair foi preso em flagrante pelo crime de feminicídio, passou por audiência de custódia e já foi encaminhado ao presídio de Amambai.

Somente neste ano 22 mulheres foram vítimas de feminicídio em Mato Grosso do Sul. No domingo, Mariana Agostinho Defensor, 32, foi morta com 58 estocadas de canivete na frente das filhas pequenas, de um e três anos. Depois, teve o corpo jogado em um canavial no município de Ivinhema. Dos 58 golpes, 17 foram desferidos no rosto dela.

Para a polícia, Jailton Pereira dos Santos, 33, marido da vítima e pai das crianças, cometeu o crime “em ataque de fúria”. O casal havia discutido horas antes por Mariana demorar para chegar em casa, no domingo (22), e por se negar a acompanhar o marido em uma festa. Essa foi a versão do criminoso. Não havia histórico de violência entre eles.

O feminicida teria tentado acabar com a própria vida logo após o crime e chegou a ficar entubado com lesão na cervical, mas ele próprio retirou os aparelhos quando ainda estava hospitalizado em Dourados. Agora, está recolhido na cadeia de Ivinhema.

Casa onde o casal morava, local onde Marlene foi assassinada (Foto: Direto das Ruas)
Casa onde o casal morava, local onde Marlene foi assassinada (Foto: Direto das Ruas)

O caso - A menina, filha de Marlene, estava na casa junto com outras duas crianças de 9 anos, filhas de Jair. Ela acionou a Polícia Militar informando que viu a mãe ser esfaqueada e, na sequência, Jair se trancou no quarto com a vítima. Quando os policiais chegaram, encontraram a filha de Marlene na rua, esperando a viatura.

Ao chegarem na porta do quarto, que estava trancada, os policiais ouviram gritos de socorro de Marlene e então forçaram a porta para entrar. Neste momento, encontraram a vítima ferida em cima da cama e implorando por socorro. No chão havia grande quantidade de sangue. Jair estava sentado e encostado na parede, com duas perfurações de faca no tórax.

Segundo o boletim de ocorrência, ele segurava a faca contra o próprio pescoço e por vezes contra o abdômen, afirmando que iria se matar. Após tentativas de negociação para que ele largasse a faca e permitisse a entrada do Corpo de Bombeiros, o homem relutava. "Não entra não que vai dar ruim, vou me matar", dizia Jair.

Os policiais precisaram efetuar tiro de elastômero na mão direita de Jair, o que fez com que a lâmina se afastasse. Os PMs, então, conseguiram entrar no quarto e imobilizaram o assassino. Os bombeiros conseguiram entrar no cômodo, mas não houve tempo de salvar Marlene, que morreu no local.

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