Dois são condenados a 78 anos de prisão por assassinato de casal
Filho do casal testemunhou crime e precisou passar a noite escondido em árvore
Dois envolvidos no assassinato de casal de indígenas, na aldeia Bororó, em Dourados, distante 235 quilômetros de Campo Grande, foram condenados a penas que somam mais de 78 anos de prisão em regime fechado. A sentença foi proferida na última terça-feira (27) por maioria de quatro votos.
O crime, ocorrido em junho de 2019, foi descoberto pelo filho do casal. Na época com 9 anos, ele contou o que presenciou na noite anterior para professora da escola da aldeia, após ficar escondido em cima de uma árvore até o amanhecer. As vítimas e os assassinos haviam ingerido bebida alcoólica quando o crime ocorreu.
Conforme a ação, os crimes de homicídio foram cometidos por meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas, já que elas foram atacadas enquanto estavam desprevenidas e desarmadas e, após imobilizadas, foram submetidas a sofrimento prolongado e desnecessário ante a multiplicidade de golpes desferidos em seus corpos durante a execução.
O casal, ela de 34 anos e ele de 38, foi morto a facadas. Além disto, a mulher foi estuprada pelos criminosos antes de ser assassinada.
Na sentença, o juiz Eguiliell Ricardo da Silva condenou um dos réus a 45 anos, a sete meses e 15 dias de reclusão, e o outro a 33 anos, sete meses e 15 dias de reclusão, todos em regime inicial fechado.
De acordo com o promotor de Justiça Luiz Eduardo de Souza Sant’Anna Pinheiro, as teses do Ministério Público foram integralmente acolhidas pelo júri.
Confinamento - A Bororó é uma das maiores reservas indígenas de Mato Grosso do Sul. Nela vivem mais de 9 mil índios. Sem qualquer limitação física, a aldeia é vizinha a Jaguapiru. Juntas, as terras compõem a Reserva Indígena Dourados e somam população de 18 mil indígenas.
De acordo com a Funai (Fundação Nacional do Índio), a reserva possui 3.600 hectares. O tamanho é considerado pequeno para quantidade de famílias que moram nas duas aldeias. Estudos apontam como ideal que cada família indígena seja assentada em, pelo menos, 30 hectares.