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Interior

Doze dias após sumiço de irmãos na fronteira, polícia mantém silêncio

Delegado vai falar sobre o caso nos próximos dias, enquanto diretor do DOF diz que só pode passar informação após fim de inquérito

Helio de Freitas, de Dourados | 24/08/2017 15:25
Buscas feitas ontem em uma lagoa no distrito Nova Itamarati (Foto: Direto das Ruas)
Buscas feitas ontem em uma lagoa no distrito Nova Itamarati (Foto: Direto das Ruas)

Nesta quinta-feira (24) faz 12 dias que os irmãos Rodnei Campos dos Santos, 27, e Ednei Bruno Ortiz Amorim, 20, desapareceram em Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande. Eles foram vistos pela última vez por volta de 11h40 do dia 12, quando eram abordados por uma equipe do DOF (Departamento de Operações de Fronteira).

Duas investigações estão em andamento, uma da Delegacia Especializada de Repressão a Homicídios, que tem sede em Campo Grande, mas possui jurisdição estadual, e uma interna, do próprio DOF. Entretanto, tanto a Polícia Civil quanto o DOF mantêm silêncio sobre o caso.

“Não dá para passar detalhes da investigação. Mais para frente faremos uma entrevista coletiva, mas por enquanto não dá para divulgar”, afirmou hoje ao Campo Grande News o titular da EDH e responsável pelo inquérito, delegado Márcio Obara. Ele disse que ainda não ouviu o depoimento dos quatro policiais que estavam na viatura. “Estamos programando isso”.

O inquérito conduzido pela DEH tinha sido instaurado na Polícia Civil em Ponta Porã, no dia 16, mas foi repassado à delegacia especializada pelo secretário de Segurança Pública, José Carlos Barbosa.

O delegado comentou que os PMs já teriam prestado depoimento no IMP (Inquérito Policial Militar) instaurado pelo DOF, mas o departamento não revela detalhes da investigação interna.

Através da assessoria de imprensa, o diretor do DOF, coronel PM Kleber Haddad Lane disse que as informações só serão divulgadas após a conclusão do IPM, conduzido por um major lotado no DOF. A investigação interna começou na semana passada e tem prazo de 30 dias para ser concluída.

“Até agora não achamos os meninos, a família está desesperada, mas a polícia não fala nada”, afirmou um parente dos irmãos desaparecidos. Amigos e familiares se reuniram em um grupo de Whatsapp, para organizar as buscas e acompanhar as notícias ligadas ao caso.

Novas Buscas – Amigos e familiares dos irmãos desaparecidos estão se organizando para fazer novas buscas amanhã, dessa vez na região do distrito de Sanga Puitã, perto da BR-463.

Ontem, três grupos, apoiados por homens do Corpo de Bombeiros e da Guarda Municipal, fizeram buscas em matas e lagoas na região do distrito Nova Itamarati, mas nenhuma pista foi encontrada.

Vídeo gravado pela câmera de segurança de uma empresa mostra a viatura do DOF e o Golf preto, que pertence a Edney, seguindo pela rodovia MS-141 com destino a Nova Itamarati, no mesmo dia do desaparecimento.

Abordagem do DOF - Os irmãos foram vistos pela última vez em uma abordagem feita por quatro policiais do DOF em frente a um posto de combustíveis na saída para Antônio João, entre 11h40 e meio-dia de sábado (12).

Vídeo da câmera de segurança do posto mostra o momento em que Rodney é levado para a viatura, que deixa o local seguida pelo Golf, onde estavam três outros três policiais e Edney, no banco de trás.

Informalmente, segundo o diretor do DOF, os policiais teriam dito que liberaram os irmãos logo em seguida. “A princípio disseram que saíram dali da linha de fronteira, que atrapalhava até a comunicação, para fazer a checagem deles, para uma averiguação mais detalhada em outro ponto e depois liberaram em função de outra ocorrência”, afirmou o coronel.

O Golf preto que era usado pelos irmãos foi encontrado ainda no dia 12 no bairro Defensores del Chaco, em Pedro Juan Caballero, a cem metros da Linha Internacional, na saída para Dourados – do outro lado da cidade onde ocorreu a abordagem.

O boné e os tênis de Rodnei foram encontrados no carro, que continua apreendido na sede da Polícia Nacional em Pedro Juan Caballero.

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