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Interior

Em meio a crise do minério, Corumbá aposta no turismo para manter ritmo

Caroline Maldonado | 21/09/2015 13:42
Queda em produção de minério afetou receita da cidade, mas turismo compensa (Foto: Marcos Ermínio)
Queda em produção de minério afetou receita da cidade, mas turismo compensa (Foto: Marcos Ermínio)
Fronteira com Bolívia traz desafios na área da segurança (Foto: Marcos Ermínio)
Fronteira com Bolívia traz desafios na área da segurança (Foto: Marcos Ermínio)
Para prefeito cidade tem desafios peculiares de fronteira, mas bolivianos são recebidos com naturalidade (Foto: Marcos Ermínio)
Para prefeito cidade tem desafios peculiares de fronteira, mas bolivianos são recebidos com naturalidade (Foto: Marcos Ermínio)

A redução drástica na produção e exportação de minério de ferro afetou a receita da prefeitura de Corumbá, mas não pegou a administração de surpresa e o município tem conquistas a comemorar, no dia em que a Cidade Branca completa 237 anos. A avaliação é do prefeito Paulo Duarte (PT). Segundo ele, a receita da mineração caiu 86% em agosto desse ano, na comparação com o mesmo mês de 2014, passando de R$ 1,5 milhão para R$ 205 mil.

Com a queda nos preços internacionais, o custo de produção está maior do que o valor de venda, por isso o setor diminui cada vez mais o volume produzido, desde o segundo semestre do ano passado. Além disso, a desativação de diversos trechos da ferrovia limita a logística, conforme o prefeito. “Isso afeta a logística. Isso é um desastre, um exemplo de irresponsabilidade do processo de privatização da rodovia”, comenta Paulo, ao citar a privatização ocorrida em 1996. Com isso, o minério e o cimento oriundo do calcário são transportados pela hidrovia e seguem para exportação para o Uruguai, Argentina, Europa e Ásia.

Para compensar as perdas, a cidade investe pesado no turismo, que gerou receita superior a R$ 104 milhões, entre janeiro e julho deste ano. “Fechamos o primeiro semestre com 115 mil turistas, 30% deles eram estrangeiros. Estamos profissionalizando o turismo e diversificando. Além do turismo de pesca, temos o pantanal extremo, estamos fortalecendo a tradicional festa de São João e tomamos medidas de preservação patrimônio histórico”, detalha Paulo.

Fronteira - Os desafios não param por aí, a segurança e o fluxo de estrangeiros também preocupam, mas o prefeito fala do assunto destacando o lado positivo. “Administrar uma cidade de fronteira é uma realidade complementante diferente. É um desafio, mas, ao mesmo tempo, é exemplo de convivência pacífica, ainda mais agora que vemos tanta intolerância, em outros países. A gente percebe que isso e positivo, os bolivianos são acolhidos naturalmente aqui”, conta.

A única dificuldade é conscientizar autoridades bolivianas quanto a segurança, em especial, roubo de carro, conforme o prefeito. Ele diz que, embora o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponte 108 mil habitantes, não é com esse número que a prefeitura trabalha. “Se considerar a fronteira com a Bolívia e o município vizinho ladário, são 150 mil pessoas usufruindo dos serviços em Corumbá”, contabiliza.

Segundo o prefeito, a rede municipal de ensino tem cerca de mil alunos da Bolívia. “Eles utilizam toda nossa estrutura de educação e saúde. Grande parte vem nascer aqui para ter documento brasileiro ou não consegue pré natal na Bolívia”, explica.

Mesmo com redução na receita, a cidade vive um cenário diferente das demais, na opinião do prefeito. “Estamos pagando salário antecipado dentro do próprio mês trabalhado, entregando uma série de obras, que são emblemáticas”, diz, ao mencionar o fim do projeto de colocar ar-condicionado em 100% das salas de aula, em novembro deste ano. Com investimento de R$ 3 milhões do município já são 70% das salas com os aparelhos.

Reforma de prédios históricos é prioridade para alavancar turismo (Foto: Marcos Ermínio)
Reforma de prédios históricos é prioridade para alavancar turismo (Foto: Marcos Ermínio)

Medidas de contenção de gastos e de intervenção no cenário comercial também refletem nesse momento, segundo o prefeito. Ele diz que teve ações um tanto impopulares, mas que agora surtem resultado positivo. “Desde o mês passado, proibimos viagens, diarias, economizamos em água, luz e telefone. E desde o ano passado, tomei medidas não tão simpáticas, que agora estamos colhendo os frutos”, comenta, lembrando o fechamento de uma feira boliviana, que vendia de tudo na cidade. “Isso era atraso para o comércio local e depois que a feira fechou vieram grandes redes de varejo nacional. Isso fortaleceu muito o comércio local. Temos que administrar, pensando o que e melhor para cidade, não pensando em popularidade”.

Paulo diz que as estratégias para enfrentar a crise com ganhos crescentes no turismo vem de sua experiência técnica. O prefeito é economista, em 1999 foi superintendente de Administração Tributária; ocupou cargos de secretário de Fazenda, chefe da Casa Civil e secretário de Infraestrutura e Habitação durante a gestão do governador Zeca do PT, entre 2001 e 2006, quando foi eleito deputado estadual e ocupou o cargo por dois mandatos, antes de ser eleito prefeito da cidade em 2012.

Comemoração - Corumbá comemora o aniversário hoje (21) com desfile cívico-militar, na Avenida General Rondon e shows, na Praça Generoso Ponce. Serão 62 instituições no desfile, entre elas escolas salesianas, e o encerramento é com a bateria do bloco tradicional Flor do Abacate. Para facilitar a ida dos moradores ao desfile, previsto para começar às 16h, a passagem de ônibus custará apenas R$ 1, entre 15h e 23h59.

Com o fim do desfile, começam os shows. O primeiro será do cantor sertanejo Evandro Campos, uma das revelações nacionais do sertanejo universitário. Em seguida, se apresenta o grupo regional Terra Branca, fundado em Corumbá na década de 70; além de baterias de escolas de samba da cidade.

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